Leishmaniose Canina: Aspectos Epidemiológicos, Manifestações Clínicas e Prevenção
Fábio dos Santos Nogueira
Resumo
A Leishmaniose Canina (LC) é uma doença sistêmica grave causada pelo protozoário Leishmania spp., sendo uma das principais zoonoses e um relevante problema de saúde pública no Brasil e em diversas regiões do mundo.
A transmissão ocorre principalmente por meio da picada de mosquitos flebotomíneos infectados, como Lutzomyia longipalpis, vetor predominante no país. Esta enfermidade apresenta ampla distribuição geográfica, com maior incidência na região Nordeste do Brasil, embora surjam focos em outras áreas urbanas e rurais do território nacional.
Aspectos Epidemiológicos da Leishmaniose Canina
A leishmaniose visceral, forma que afeta os cães e pode também acometer seres humanos, tornou-se um desafio sanitário crescente devido à urbanização acelerada e à migração dos vetores para zonas urbanas.
Mudanças climáticas, desmatamento e aumento de áreas periurbanas favorecem a manutenção e expansão do ciclo de transmissão. Cães infectados desempenham um papel fundamental como reservatórios domésticos, contribuindo para a disseminação da doença.
Manifestações Clínicas
A Leishmaniose Canina apresenta um espectro clínico variado, podendo se manifestar de forma aguda, subaguda, crônica ou regressiva. Os sinais clínicos mais frequentes incluem lesões dermatológicas, alterações oculares, distúrbios renais e sintomas sistêmicos.
Lesões Dermatológicas
Lesões cutâneas são observadas em 81% a 89% dos casos, sendo uma das manifestações mais comuns. Estas podem se apresentar sob forma de dermatite descamativa, ulcerativa, papular e nodular.
A perda de pelo, espessamento da pele e formação de úlceras crônicas também são frequentemente relatados.
Comprometimento Renal
As lesões renais, especialmente glomerulonefrite, representam uma das complicações mais graves da Leishmaniose Canina, podendo evoluir para insuficiência renal. Este é um fator crucial para o prognóstico dos animais afetados.
Alterações Oculares
Complicações oculares incluem uveíte, conjuntivite e ceratite, que podem causar dor e prejudicar a visão do animal. Estes sinais são comuns em fases mais avançadas da doença.
Outros Sintomas
Comprometimentos locomotores, cardiovasculares, anemia, linfadenopatia generalizada e perda de peso também podem estar presentes. A evolução da doença varia entre casos assintomáticos e quadros graves que comprometem a vida do animal.
Diagnóstico
O diagnóstico da LC é realizado por meio de uma combinação de métodos clínicos, laboratoriais e parasitológicos. Exames sorológicos, como ELISA e imunofluorescência indireta, são amplamente utilizados. A confirmação pode ser feita por identificação direta do parasito em tecidos linfonodais, medula óssea ou pele.
Tratamento
O tratamento da Leishmaniose Canina depende do estágio clínico da doença. Medicamentos que são frequentemente utilizados não conseguem eliminar completamente o protozoário.
A abordagem terapêutica visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do animal.
Prevenção
A prevenção é fundamental para o controle da Leishmaniose Canina e envolve medidas que incluem:
- Uso de Colares e Pipetas Repelentes: Produtos contendo deltametrina ou permetrina são eficazes para reduzir o contato com os vetores.
- Vacinação: Vacinas recombinantes estimulam a resposta imunológica celular, embora não impeçam a infecção.
- Controle Ambiental: A limpeza de quintais, remoção de mato e lixo, bem como a pulverização com inseticidas em áreas endêmicas, são medidas importantes.
Estadiamento Clínico
O estadiamento da Leishmaniose Canina varia desde animais expostos sem sintomas até casos graves com complicações renais e sistêmicas. Este estadiamento orienta o tratamento e o prognóstico.
Importância da Educação e Intervenção Veterinária
A educação em saúde pública e a intervenção veterinária são essenciais para o controle da LC. Campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção e detecção precoce, aliadas à atuação dos profissionais de saúde, contribuem para reduzir a incidência da doença.
A complexidade da transmissão e a diversidade de manifestações clínicas reforçam a necessidade de uma abordagem integrada, envolvendo gestores de saúde, tutores e veterinários para garantir o bem-estar dos animais e a segurança das comunidades.
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