Equipe Digivets
A Brochura Técnica sobre Doenças Respiratórias em Bovinos Confinados é a primeira publicação de uma série de Brochuras Técnicas de autoria própria Digivets.
Resumo
A Doença Respiratória Bovina (DRB) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em bovinos confinados, resultando em impactos econômicos significativos para a pecuária intensiva. Este artigo revisa os principais fatores de risco relacionados à DRB e a outras doenças respiratórias associadas em bovinos confinados, incluindo agentes infecciosos (vírus e bactérias), fatores ambientais, estresse e manejo inadequado.
Aspectos gerais da Pecuária Intensiva no Brasil
A pecuária representa cerca de 30% do PIB brasileiro, destacando-se como uma das principais atividades econômicas do país com um rebanho recorde de 234,4 milhões de cabeças em 2022. A pecuária intensiva, por sua vez, tem ganhado força, atingindo 7,96 milhões de bovinos confinados em 2024, um aumento de 9% em relação ao ano anterior.
Além de aumentar a produtividade, a pecuária intensiva surge como uma alternativa para reduzir o impacto ambiental da atividade. O confinamento otimiza o uso da terra e melhora a conversão alimentar do gado, diminuindo a pegada ambiental da pecuária. Assim, o setor busca equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental.
Importância da saúde respiratória em bovinos confinados e o bem-estar animal em geral
O confinamento possui diversas vantagens, contudo traz consigo também desafios sanitários significativos. O aumento da densidade animal em ambientes confinados favorece a disseminação de agentes patogênicos, especialmente os responsáveis pela Doença Respiratória Bovina (DRB).
A Doença Respiratória Bovina (DRB) é uma síndrome que afeta o trato respiratório dos bovinos e se desenvolve como um resultado de interações complexas entre fatores ambientais, fatores relacionados com o hospedeiro e patógenos. Em algumas situações a DRB pode culminar em infecções mais graves como a Pneumonia.
Principais Causas da Pneumonia em Bovinos Confinados
A pneumonia bovina é uma das doenças respiratórias mais comuns e prejudiciais na pecuária, sendo frequentemente causada por uma combinação de agentes infecciosos, que incluem vírus e bactérias.
A sua propagação em bovinos confinados deve-se principalmente à alta densidade populacional e ao estresse causado pelo manejo intensivo. A interação entre os agentes infecciosos e fatores ambientais pode criar um ambiente propício para a disseminação da doença, comprometendo o desempenho produtivo dos animais.
Fatores de Risco
A pneumonia em bovinos confinados é uma condição multifatorial, influenciada por fatores como estresse, nutrição e imunidade além de fatores relacionados ao ambiente. Problemas em um ou mais destes fatores podem comprometer a saúde respiratória dos animais.

Sinais Clínicos
Um dos protocolos de avaliação para a presença da Doença Respiratória Bovina (DRB) nos sistemas de confinamento é o do sistema DART, que se baseia na observação de quatro indicadores clínicos: Depressão (D), redução do apetite (A), alterações no padrão respiratório (R) e aumento da temperatura corporal (T). Esse método é utilizado por não exigir equipamentos sofisticados ou de alto custo (Cunha et al., 2021).
Os bovinos acometidos pela DRB apresentam sinais respiratórios progressivos, que podem variar conforme a gravidade da infecção. Entre os principais sintomas, destacam-se a tosse seca e persistente,
geralmente acompanhada de secreção nasal, que pode ser serosa nos estágios iniciais e evoluir para uma secreção mucopurulenta à medida que a infecção se agrava.
Diagnóstico Laboratorial
É importante ressaltar que nos confinamentos a avaliação clínica coletiva é a principal forma de diagnóstico inicial da DRB. Devido ao grande número de animais, o monitoramento é realizado de forma não individualizada.
No entanto, quando os casos se tornam recorrentes ou as medidas de controle não apresentam os resultados esperados, torna-se essencial uma investigação mais aprofundada.
Exames complementares podem ser necessários para determinar os agentes causadores da doença, entender sua epidemiologia e orientar estratégias mais eficazes de manejo e prevenção (Cunha et al., 2021)
Prevenção e Controle da DRB em Confinamento
Para a prevenção da DRB, é fundamental adotar um conjunto de medidas integradas. A vacinação regular contra os principais patógenos respiratórios é uma estratégia eficaz na redução da incidência da doença.
Além disso, práticas de manejo adequadas, como evitar superlotação, manter boa higiene e minimizar fatores estressantes, contribuem para a manutenção da saúde respiratória dos animais.
A nutrição balanceada e o acesso a água de qualidade também desempenham papel crucial na resistência dos bovinos às infecções. Programas de biossegurança, incluindo quarentena para novos
animais e controle de visitantes, são importantes para prevenir a introdução de agentes patogênicos.
Tratamento da Doença Respiratória Bovina em Animais Confinados
O tratamento da Doença Respiratória Bovina (DRB) foca no controle das infecções bacterianas secundárias, uma vez que não há terapias específicas para infecções virais.
O primeiro passo na abordagem terapêutica é o afastamento do animal doente do restante do rebanho, reduzindo o risco de transmissão da enfermidade.
Além disso, é essencial manter registros detalhados sobre o animal, incluindo sua identificação, data de entrada, peso, duração do tratamento e detalhes do protocolo terapêutico, como dose administrada, tempo de carência e via de aplicação dos medicamentos.
Panorama da Situação
A Doença Respiratória Bovina (DRB) representa um dos maiores desafios para a pecuária Nacional em sistemas de produção que utilizam o confinamento.
A natureza multifatorial da doença e a relação agente, ambiente e hospedeiro exigem uma compreensão aprofundada dos fatores envolvidos em sua ocorrência, bem como a implementação de estratégias eficazes de prevenção e controle.
A educação e conscientização de produtores e veterinários desempenham um papel crucial na melhoria do manejo da DRB. A adoção de práticas preventivas, como a vacinação adequada e metafilaxia auxiliam na redução da incidência da doença.
A colaboração contínua entre pesquisadores, profissionais veterinários e produtores é essencial para desenvolver e implementar estratégias eficazes no controle e prevenção da DRB, garantindo a saúde do rebanho e a sustentabilidade da produção pecuária.
Para acessar o material na íntegra ACESSE AQUI

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