A profissão veterinária apresenta desafios únicos que podem impactar os relacionamentos pessoais. A Dra. Patty Khuly compartilha dicas sobre como encontrar e manter o amor nesse contexto.
Digamos que você é um veterinário solteiro em busca de amor… ou alguém que já passou por uma série de relacionamentos monogâmicos mas que mesmo assim não consegue fazer com que eles durem.
Se você se identifica com qualquer um desses cenários, saiba que está no lugar certo. A maioria dos veterinários não acha fácil encontrar um parceiro.
E por quê? Muitas vezes, é a própria profissão que os atrapalham.
Veterinários possuem sensibilidades e estilos de vida únicos. Suas carreiras e os desafios relacionados à profissão não são facilmente explicados e, frequentemente, são mal compreendidos, mesmo quando se esforçam para transmitir as tensões e excentricidades dessa profissão aos parceiros que não fazem parte desse meio.
A maioria nunca entenderá completamente. Sempre se perguntarão como seus parceiros veterinários chegam em casa tão estressados, infelizes, solitários ou assustados, se o trabalho é realmente tão irresistível como afirmam ser.
Procurando nos lugares certos
Não é fácil encontrar sua combinação ideal em alguém que não vivenciou essa peculiar realidade, o que explica por que tantos veterinários encontram conforto nos braços de colegas de profissão.
O que provavelmente é o caminho mais fácil. Dessa forma, você tem um sistema de apoio integrado: alguém que entende seu ponto de vista quando você foi culpado por clientes grosseiros, perdeu um paciente na mesa, foi criticado por colegas por errar em um caso, deixou passar um diagnóstico óbvio, calculou mal uma medicação em um dia caótico ou simplesmente vive com medo de decepcionar a si mesmo e aos outros (como tantos médicos veterinários parecem fazer).
Há algo singular nos veterinários que os tornam estranhamente suscetíveis a certos estresses no trabalho e que frequentemente leva-nos à companhia uns dos outros.
O problema, no entanto, é que são poucos os veterinários disponíveis. O pequeno “lago veterinário” não oferece a diversidade humana necessária para atender a todos os requisitos para uma parceria romântica de longo prazo.
A probabilidade de formar uma combinação agradavelmente confortável, mas incompatível, é consideravelmente alta.
Embora alguns, sem dúvida, tenham a sorte de encontrar um amor duradouro dentro da profissão, é importante reconhecer que relacionar-se com colegas pode trazer também o risco de se contentar com alguém que compreende os estresses cotidianos, mas não é capaz de atender à sua gama mais complexa de necessidades.
Compatibilidade no dia a dia é uma excelente base para uma amizade duradoura, mas uma parceria romântica de longo prazo geralmente exige muito mais do que isso, não é mesmo?
Como fazer do jeito certo
Vamos supor que você seja uma daquelas pessoas raras que conseguiram construir um relacionamento ideal, onde o parceiro entende, quase instintivamente, como a medicina veterinária pode ser ao mesmo tempo um presente e um fardo, com altos e baixos que podem mudar de um minuto para o outro. Esse é o tipo de pessoa que todos deveríamos olhar como exemplo para inspiração e conselhos.
Entretanto, nem todos são exatamente esse modelo de perfeição. Nós somos humanos e as vezes cometemos erros, inclusive nos relacionamentos.
E da mesma forma que os erros estão atrelados aos seres humanos a evolução e o aprendizado com o tempo e diferentes experiências também fazem parte de nós.
Portanto aqui vão algumas dicas que espero que ajudem!
1 – Sobre não veterinários
Só porque eles não são veterinários não significa, necessariamente, que sejam menos compreensivos, cuidadosos ou capacitados. Eles simplesmente não têm a experiência necessária para se conectar de imediato.
Contanto que possuam sensibilidade emocional e disposição para se colocar no seu lugar, e desde que você consiga comunicar suas experiências e sentimentos de forma adequada (eles não são leitores de mentes!), um diploma de veterinária definitivamente não é necessário.
Na verdade, a maioria dos parceiros não veterinários merece credenciais honorárias após sobreviver com sucesso a uma década na nossa companhia.
2 – Tratando da carreira
Já vi a questão da carreira atrapalhar os relacionamentos românticos de veterinários. Especialmente os parceiros que não são veterinários podem não compreender completamente o quanto nossas carreiras são centrais para nossas vidas e estilos de vida.
Já presenciei relacionamentos desmoronarem devido a expectativas desalinhadas relacionadas à dedicação à carreira, com parceiros exigindo que seus cônjuges veterinários se adaptem a normas tradicionais (especialmente no que diz respeito à criação de filhos), mesmo quando isso claramente inviabilizaria uma carreira na medicina veterinária.
3 – A questão dos animais
Qualquer parceiro em potencial que não entenda ou não concorde com suas necessidades relacionadas aos animais deve ser descartado imediatamente.
Se desde o começo não estiverem totalmente envolvidos com a questão dos animais, isso deve ser considerado um grande sinal de alerta (é muito provável que isso não vá melhorar com o tempo).
Aliás, nunca se deve assumir que um parceiro romântico que também seja veterinário vai apoiar todas as suas iniciativas ou aversões relacionadas aos animais.
4 – Considere a terapia de casais
Se você tem ou já teve um relacionamento por mais de cinco anos e pode afirmar com honestidade que uma terapia de casais não poderia ter sido útil em algum momento, considere-se uma exceção.
A maioria dos relacionamentos precisa de ajuda externa de vez em quando. Se você também partilha desta ideia, trazer o assunto de terapia logo no início de um relacionamento é sempre uma boa ideia. (Se um dos parceiros menciona terapia e o outro se opõe, isso também pode ser um sinal de alerta.)
5 – Faça um contrato pré-nupcial
Por exemplo, um veterinário jovem que comprou uma clínica após seis meses de casamento. Embora nenhuma parte da renda ou das economias de sua esposa tenha sido investida no negócio, ela ainda conseguiu ficar com metade da clínica depois de se divorciar dele de forma amarga, menos de dois anos depois.
Sei que essa não é uma dica muito romântica, mas fazer um contrato pré-nupcial e fazer também um planejamento básico de patrimônio antes de se casar pode ser muito importante para ambas as partes em algum momento.
6 – Quanto a encontrar o Sr./Sra./Dr./Dra. Certo…
Mantenha a mente aberta. Não deixe que suas expectativas ou as de seus amigos e familiares atrapalhem como, por que, onde, quando ou como você encontrará o amor em outra pessoa.
Faça isso do jeito que funciona melhor para você, mas esteja ciente de que o amor duradouro sempre depende de alguns pontos cruciais: valores compartilhados e interesses compartilhados.
Então, se os animais não estão no topo da lista do que vocês têm em comum, talvez seja hora de procurar o amor em outro lugar.
Caso tenha se interessado sobre o assunto, acesse o material completo em: How to find (and keep) love in the vet profession
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