A dor aguda em gatos é uma resposta imediata a um estímulo nocivo, como traumas, procedimentos cirúrgicos ou doenças súbitas. Essa dor, apesar de temporária, é um sinal importante do corpo para alertar sobre lesões e iniciar o processo de cura.
Nos gatos, a identificação da dor aguda pode ser desafiadora, pois eles têm tendência a mascarar sinais de desconforto devido ao instinto de autopreservação.
Mudanças no comportamento, como retração social, agressividade, vocalizações incomuns ou alteração na postura, são indícios que devem ser observados. O manejo adequado da dor aguda envolve intervenções rápidas, incluindo analgésicos e suporte ambiental, para minimizar o sofrimento e promover a recuperação.
Entender os sinais e tratar a dor aguda de forma eficaz é essencial para melhorar a qualidade de vida dos felinos e facilitar sua recuperação em casos de trauma ou intervenção médica.
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Em nossa sessão exclusiva, você encontrará um resumo claro e eficiente dos principais pontos deste guideline e de outros assuntos, facilitando o seu acesso às melhores práticas e tendências globais em medicina veterinária.
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Neste artigo iremos discutir mais sobre os principais conceitos que envolvem a dor aguda nos felinos. Acesse nossos outros artigos sobre as diretrizes de manejo da dor da WSAVA para saber mais:
- Dor em cães e gatos
- Como reconhecer a dor Aguda em gatos?
- Como reconhecer a dor Aguda em cães?
- Como reconhecer a dor Crônica em gatos?
- Como reconhecer a dor Crônica em cães?
A Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) lançou em 2022 o Guideline voltado para reconhecimento, avaliação e tratamento da Dor em Cães e Gatos. Trata-se de uma atualização do antigo guideline de mesmo título publicado em 2014 pela própria WSAVA.
O documento de 2022 reflete os grandes avanços na medicina da dor veterinária nos últimos 10 anos, trazendo informações científicas atualizadas em relação ao primeiro documento. um material essencial para profissionais que buscam aprimorar o cuidado e o bem-estar dos seus pacientes.
Ferramentas utilizadas para avaliar dor aguda em gatos
Tabela 1
Ferramentas utilizadas para avaliar dor aguda em gatos | |||
Ferramenta | Tipo | Condição | Observação |
Feline Grimace Scale (FGS) | Expressões faciais | Qualquer dor cirúrgica ou médica incluindo gatos com doença oral e os submetidos a extrações dentárias | Consiste em cinco itens que recebem uma pontuação de 0 a 2. A pontuação máxima é 10. Valor de corte para analgesia SOS: ≥4/10 |
Escala Unesp-Botucatu de dor felina | Comportamento e expressão facial | Qualquer dor cirúrgica ou médica | A versão mais recente inclui quatro itens, cada um com pontuação de 0 a 3. A pontuação máxima é 12. Pontuação de corte para analgesia SOS: ≥4/12 |
Escala de dor composta de Glasgow – Felinos (CMPS-Feline) | Comportamento e expressão facial | Qualquer dor cirúrgica ou médica | Contém 7 itens; cada um com uma faixa diferente de possíveis pontuações. A pontuação máxima é 20. Valor de corte para analgesia SOS: ≥5/20 |
Avaliação e reconhecimento prático da dor aguda
Leva em consideração fatores como o tipo, localização anatômica e duração da cirurgia ou trauma, além do ambiente, variações individuais, condição clínica, idade e estado de saúde do animal. Ter um bom conhecimento do comportamento normal do gato é fundamental, pois mudanças comportamentais em relação ao padrão usual e o surgimento de novos comportamentos (como um gato que antes era amigável e passa a se tornar agressivo, se esconder ou tentar fugir) podem ser indícios importantes.
Alguns gatos, especialmente na presença de humanos, outros animais ou em situações estressantes, podem não exibir sinais óbvios de dor.
Gatos que estão confortáveis tendem a exibir expressões faciais, posturas e comportamentos normais após um tratamento analgésico bem-sucedido. No entanto, alterações nas expressões faciais e posturas podem ser observadas em gatos que estão experimentando dor.
Protocolo de avaliação e reconhecimento prático de dor aguda em gatos
- Observe o animal à distância, em seu espaço (gaiola, cama ou gatil), e observe sua postura, expressões faciais, atenção à ferida, interesse pelo ambiente ao redor e tipo de vocalização, ou a ausência dela.
Se o animal estiver visivelmente dormindo de forma confortável e relaxada, evite perturbá-lo.
- Aproximar-se do animal de maneira calma e abrir a gaiola ou gatil enquanto observa a reação do animal.
- Interaja com o animal chamando seu nome em tom suave, acariciando ou brincando, enquanto observa como ele reage.
Se o animal não demonstrar interesse em interagir, não force e permita que ele tenha seu espaço.
- Se possível, ao tocar o animal, aproxime a mão da área dolorida. Primeiro, tente tocá-la e, em seguida, aplique uma leve pressão.
Interrompa o toque assim que o animal mostrar uma reação comportamental, como lamber os lábios, engolir, virar a cabeça em direção à sua mão, recuar, proteger, rosnar, estalar, tentar morder ou chorar.
- Utilize uma escala de dor para avaliar o nível de dor do animal, com base em suas observações.
Mudanças de comportamento associadas à dor Aguda
Mudanças de comportamento associadas à dor aguda em gatos podem ser sutis e frequentemente passam despercebidas. No entanto, a dor aguda, resultante de trauma, cirurgia ou lesões, pode manifestar-se em alterações no comportamento, postura e expressões faciais.
Gatos podem se tornar mais reclusos, agressivos, ou apresentar alterações no apetite, no padrão de vocalização e até no modo de se movimentar. Mudanças como evitamento de certas atividades, dificuldades para saltar ou caminhar, ou até mesmo a atenção excessiva a uma área dolorida, podem ser sinais claros de desconforto.
A identificação precoce dessas mudanças é fundamental para o manejo eficaz da dor, garantindo o bem-estar do animal e a implementação de intervenções adequadas.
Mudanças de comportamento em gatos associadas à dor aguda podem ser variadas e muitas vezes sutis. Alguns sinais comuns incluem:
- Mudanças nas expressões faciais: Como olhar fixo ou pupilas dilatadas.
- Alteração na postura corporal ou posição do corpo: Como ficar em posições anormais ou evitando movimentos.
- Redução da atividade ou disposição para brincar: Menor interesse em interagir ou explorar o ambiente.
- Diminuição do apetite.
- Marcha anormal ou transferência de peso: O gato pode mancar ou evitar colocar peso em uma área dolorida.
- Comportamentos de proteção: Como se esconder ou focar atenção em uma área específica do corpo, como uma ferida.
- Comportamento defensivo: Rosnar, sibilar ou demonstrar agressividade.
- Dificuldade para se alimentar: Como balançar a cabeça enquanto tenta comer ou não conseguir pegar a comida adequadamente.
- Mudanças na higiene: O gato pode parar de se limpar ou limpar-se excessivamente em uma área específica.
- Comportamento de depressão: Pode parecer distante, tenso ou imerso em um estado de imobilidade, distante do ambiente ao seu redor.
Esses sinais ajudam os tutores e profissionais veterinários a identificar a dor aguda em gatos, permitindo um tratamento adequado e eficaz.
Em nossos outros artigos, abordaremos os principais temas discutidos no guideline para dor em cães e gatos.
Reforçamos que nós da Digivets nos comprometemos em sempre traduzir, esclarecer e resumir o essencial de diversos assuntos pertinente dentro da prática veterinária para que você se mantenha sempre atualizado.
Referências
P. Monteiro, X. LasceLLes , J. MurreLL, S. Robertson, M. Steagall e B. Wright. Diretrizes da WSAVA de 2022 para reconhecimento, avaliação e tratamento de dor; 2022.