Por Digivets

Setembro 4, 2025

Zoonoses

Reforçando a importância da prevenção de zoonoses e do conceito de Saúde Única

A convivência próxima entre humanos e animais de estimação é uma realidade consolidada no Brasil, onde estatisticamente há 1,8 animal de estimação por residência, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e do IBGE. Apesar dos pontos positivos dessa interação é essencial o alerta sobre a necessidade de conhecimento e prevenção de zoonoses, como leptospirose, esporotricose, febre maculosa e toxoplasmose.

“Cada vez mais vivemos em famílias multiespécies, com vínculos afetivos profundos entre pessoas e animais. No entanto, essa proximidade impõe responsabilidades, especialmente quando falamos de zoonoses. A saúde dos pets está diretamente conectada à saúde dos humanos”, alerta a médica-veterinária e country manager da VetFamily no Brasil, Stella Grell. Dentre suas atuações, a maior comunidade global e nacional de médicos-veterinários busca fortalecer o conceito de Saúde Única (One Health), que reconhece a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental. 

Principais zoonoses 

Leptospirose

Transmitida pela bactéria Leptospira, a doença tem grande disseminação após chuvas intensas e alagamentos, sendo transmitida aos seres humanos pela urina de animais infectados, principalmente de roedores, que são capazes de carrear leptospiras patogênicas causadoras de infecção humana.

Os sintomas em humanos incluem febre, dores musculares, vômitos, icterícia e, em casos graves, podem causar insuficiência renal, hemorragias e até a morte. Em pets, os sinais são semelhantes, podendo evoluir rapidamente. A prevenção envolve vacinação, controle e higiene ambiental, descarte correto de resíduos e controle de roedores. 

Esporotricose

Causada por fungos do gênero Sporothrix encontrados em solo e vegetação em decomposição, pode ser transmitida por contato com o meio contaminado e, principalmente, por arranhões, mordidas ou secreções de gatos infectados, que são os principais reservatórios urbanos da doença. Ela atinge pele e mucosas e, em alguns casos, olhos, ossos, pulmões e até o sistema nervoso central.

No início de 2025, a esporotricose humana passou a fazer parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória e deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Raiva

Prevenida por meio de vacinação, a raiva está entre as mais graves zoonoses e é transmitida através da mordida de animais infectados, como cães, gatos, primatas e morcegos. A raiva é causada por um vírus que atinge o sistema nervoso central, com alta taxa de mortalidade após o surgimento dos primeiros sintomas. A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação regular de cães e gatos e atenção a casos suspeitos em animais silvestres. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), entre 2010 e 2025 foram registrados apenas 50 casos de raiva humana no Brasil, reforçando a importância de campanhas de imunização e vigilância epidemiológica.

Febre maculosa brasileira

É transmitida por carrapatos-estrela (Amblyomma cajennense) infectados pela bactéria Rickettsia rickettsii. Os sintomas da doença incluem febre alta, dores no corpo, manchas avermelhadas e mal-estar e pode ser fatal, se não tratada nas primeiras 48 a 72 horas. O controle de carrapatos, hospedeiros comuns de capivaras e cães, e a exposição cuidadosa a ambientes com potencial de risco são medidas essenciais.

Toxoplasmose

A doença é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e sua transmissão ocorre principalmente através da ingestão de alimentos contaminados como carnes malpassadas ou cruas, verduras e legumes não higienizados corretamente. Embora muitos casos sejam assintomáticos, pode ser grave em gestantes, com risco de aborto ou malformações fetais. A prevenção está diretamente ligada aos cuidados com a higiene alimentar: cozinhar bem as carnes, lavar corretamente frutas e vegetais e manter bons hábitos de preparo dos alimentos. Consultas veterinárias regulares também são importantes no controle da infecção em animais de estimação e o médico-veterinário tem um papel importante no processo de educação e informação em saúde.


Toxocaríase e ancilostomíase

São duas verminoses intestinais causadas por parasitas de cães e gatos, com maior incidência em regiões de vulnerabilidade social, especialmente entre crianças. A toxocaríase ocorre quando humanos, geralmente crianças, ingerem ovos do parasita presentes em solo ou areia contaminados com fezes de animais infectados. Já a ancilostomíase é adquirida pelo contato direto da pele com larvas presentes no solo contaminado, que penetram ativamente através da pele, principalmente ao andar descalço.

Zoonoses
A saúde dos pets está diretamente conectada à saúde dos humanos

Leishmaniose visceral

Transmitida pela picada do mosquito-palha (Lutzomyia spp.) infectado pelo protozoário Leishmania infantum, agente causador da leishmaniose visceral no Brasil, a doença acomete cães e humanos, provocando sintomas como febre persistente, emagrecimento, aumento do baço e do fígado, podendo levar à morte, se não tratada.

Os cães não transmitem diretamente a doença, mas atuam como principais reservatórios para o mosquito vetor. Por isso, a prevenção é fundamental, tanto para a saúde humana quanto animal, e deve incluir uso de repelentes específicos nos cães, controle da população de vetores e cuidados ambientais, como evitar o acúmulo de matéria orgânica onde o mosquito possa se reproduzir.  

Prevenção é responsabilidade compartilhada

“Boa parte das zoonoses pode ser prevenida com medidas simples, como vacinação periódica, controle de ecto e endoparasitas, manejo ambiental e visitas regulares ao médico-veterinário. Há no mercado soluções seguras e eficazes contra pulgas, carrapatos e vermes intestinais que contribuem com a prevenção”, explica Stella.

A abordagem integrada entre humanos, animais e meio ambiente é essencial para mitigar os impactos das zoonoses, inclusive aquelas que ainda podem emergir. “Prevenção e exames regulares são essenciais tanto para humanos como para animais. Check-ups veterinários devem ser feitos ao menos uma vez ao ano ou em intervalos menores para pets idosos ou com comorbidades. Médicos-veterinários não cuidam apenas de pets – cuidam da saúde coletiva”, finaliza Stella.

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