24/01/2024

    Micotoxinas em alimentos para cães e gatos: como gerenciar? - Editora Stilo

    A garantia da segurança alimentar para cães e gatos é uma das principais preocupações entre os fabricantes de alimentos para animais de companhia. As micotoxinas são substâncias tóxicas resultantes do

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    Micotoxinas em alimentos para cães e gatos: como gerenciar? - Editora Stilo

    A garantia da segurança alimentar para cães e gatos é uma das principais preocupações entre os fabricantes de alimentos para animais de companhia.
    As micotoxinas são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo de alguns fungos e bolores. Para que ocorra o desenvolvimento dos microrganismos que produzem essas toxinas são necessários diversos fatores, como fatores físico-químicos, tipo do substrato, temperatura e umidade do local de armazenamento, além da quantidade de água presente nos grãos e o seu pH (MAZIERO e BERSOT, 2010).

    As Micotoxinas não induzem à imunidade protetora, pois não são antigênicas e diante disso os seus efeitos variam com o tipo, dosagem, idade, sexo e saúde do animal. Os principais sinais clínicos relatados em cães e gatos intoxicados por micotoxinas são: vômito, diarreia, convulsões, dores abdominais, polidipsia, poliúria, ascite, anorexia e desenvolvimento de lesões hepáticas crônicas. Na medicina canina é frequente o registro de micotoxicoses que ocorrem de maneira silenciosa, o que dificulta um diagnóstico diferencial (SILVA, 2019; WITASZAK et al., 2019).

    As principais Micotoxinas, e seus respectivos órgãos alvo, identificadas na espécie canina são as aflatoxinas (AFLA) e fumonisinas (FUMO) no fígado; deoxinivalenol (DON) no aparelho digestório; ocratoxina A (OA) nos rins; zearalenona (ZEA) no aparelho reprodutor; patulina (PTA) no fígado e rins e citrinina (CIT) nos rins e aparelho digestório (SOUZA e SCUSSEL, 2012).

    As contaminações de alimentos para cães e gatos com micotoxinas podem ocorrer de forma indireta ou direta. A primeira ocorre quando algum dos ingredientes é previamente contaminado e mesmo com a eliminação do fungo durante o processo de extrusão, as micotoxinas ainda permanecem no alimento, pois elas são resistentes a altas temperaturas. Já a forma direta está relacionada com a contaminação do alimento por fungo toxigênico e posterior ocorrência da produção de micotoxinas (FERREIRA et al., 2007).

    O cenário das micotoxicoses em fabricas pet food é bastante desafiador. Diante disso, precisamos de estratégias que garantam a boa qualidade dos ingredientes utilizados na fabricação de alimentos para os cães e gatos e/ou encontrar soluções que impeçam que as micotoxinas sejam absorvidas pelo organismo dos animais.

    É essencial implementar um programa abrangente de monitoramento de micotoxinas na fábrica de pet food. Esse programa deve envolver várias etapas, desde a seleção cuidadosa de fornecedores de ingredientes até testes de laboratório precisos e confiáveis.

    Para enfrentar o problema das micotoxicoses, é fundamental adotar uma abordagem que inclua a identificação, quantificação e compreensão das micotoxinas presentes nos ingredientes que serão utilizados para a fabricação dos alimentos para cães e gatos. Isso implica o uso de metodologias precisas que permitam determinar quais Micotoxinas estão presentes, bem como suas concentrações, auxiliando na avaliação dos fornecedores dos ingredientes e dos possíveis danos que podem ser causados aos animais.

    Atualmente as metodologias mais conhecidas disponíveis para análises quantitativas de micotoxinas nos ingredientes são: cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), ensaio de imunoabsorção enzimática (Elisa), tiras de fluxo lateral (LFD) e tecnologia de espectroscopia no infravermelho próximo (NIR). Esses métodos permitem a detecção em níveis extremamente baixos, garantindo a conformidade com os regulamentos de segurança alimentar.
    É importante enfatizar que a escolha da metodologia é muito importante para ter análises confiáveis. No entanto, o verdadeiro valor da gestão de micotoxinas encontradas em ingredientes utilizados na fábrica de alimentos para cães e gatos, reside na habilidade de interpretar os resultados, avaliar sua criticidade e implementar planos corretivos.

    A inclusão dos aditivos adsorventes de micotoxinas em pet food tem se mostrado uma solução eficaz para mitigar os riscos da presença micotoxinas em alimentos para os animais de companhia. Principalmente, em fábricas que não possuem análises de controle de micotoxinas no recebimento e de monitoramento nos silos onde esses ingredientes são armazenados.

    Para que um adsorvente seja considerado eficiente, este necessita apresentar algumas características: deve destruir, inativar ou eliminar a toxina; não produzir resíduos tóxicos ou carcinogênicos nos produtos finais ou em alimentos obtidos a partir de animais que se alimentaram de uma dieta detoxificada; e manter o valor nutritivo e a aceitabilidade do produto (FREITAS et al., 2012).

    O adsorvente ou agente quelante é um material inerte sem nenhum princípio nutricional, que possui a capacidade de se aderir à superfície das micotoxinas presentes, causando a eliminação destas pelas fezes dos animais, impedindo que as toxinas sejam absorvidas pelo organismo (MOREIRA et al., 2018).
    Os aluminossilicatos (argilas) são a base para desenvolvimento de aditivos adsorventes. Na década de 80, descobriu-se a capacidade de certas argilas (bentonitas, zeólitas e outras) de se ligarem às micotoxinas do alimento no trato digestivo dos animais, impedindo que estas fossem absorvidas

    Atualmente, temos disponíveis no mercado os mais variados tipos de adsorventes, produtos à base de rochas vulcânicas associados a outros compostos mais tecnológicos de amplo espectro que associa o uso de adsorventes inorgânicos, orgânicos e leveduras. Além da associação do uso de aditivos que suportem o sistema imunológico, recupere as funções hepáticas e que ajude na manutenção da integridade intestinal.

    Para a escolha do adsorvente de micotoxina é importante verificar a eficiência de adsorção das micotoxinas, que leva em consideração a porcentagem de adsorção e dessorção no intestino. Essa avaliação inclui a estabilidade da ligação adsorvente-micotoxina e sua eficácia em faixas de pH diferentes, uma vez que se espera que o produto atue em todo o trato gastrintestinal (Binder, 2007).

    Os valores de pH variam ao longo do trato digestivo, desde condições ácidas até básicas. Portanto, a capacidade de ligação dos produtos pode ser influenciada por mudanças de pH, levando ao risco de que as micotoxinas sejam adsorvidas em uma parte e liberadas (dessorvidas) em outra parte do trato digestivo (Zavarize, 2021).

    Além disso, é necessário avaliar se o adsorvente apresenta amplo espectro, ou seja, que seja efetivo para o maior número de micotoxinas possível. Outro ponto de extrema importância a considerar é a necessidade de os adsorventes terem baixa inclusão, de forma a ocuparem um espaço mínimo na fórmula do alimento e contribuírem com uma quantidade insignificante de matéria mineral no produto final. Isso é particularmente crucial em alimentos premium, super premium e especialmente em alimentos para gatos, nos quais a quantidade de matéria mineral tende a ser mais baixa em comparação com alimentos para cães, devido aos ajustes necessários para prevenir a formação de urólitos. Adicionalmente, é fundamental que os adsorventes não afetem a palatabilidade do produto.

    Por: Erika Stasieniuk* e Ludmila Barbi**

    *Erika Stasieniuk é Zootecnista e Doutora em Nutrição e Alimentação de cães e gatos pela UFMG. É sócia fundadora da SFA Consultoria que tem como objetivo ajudar as empresas de alimentos e ingredientes para cães e gatos a desenvolverem seus produtos e fabricarem um alimento seguro e de qualidade. Contato: [email protected]
    **Ludmila Barbi T Bomcompagni é Médica Veterinária e Mestre em Nutrição e Alimentação de cães e gatos pela UFMG. É consultora nutricional pet food e atua como executiva de desenvolvimento de negócios na Celta Brasil, empresa especialista em aditivos adsorventes para o mercado de nutrição animal. Contato: [email protected]

    PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA DA REVISTA PET FOOD.
    PROIBIDO A REPRODUÇÃO PARCIAL E/OU TOTAL SEM AUTORIZAÇÃO DA EDITORA STILO.

    REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS:
    BINDER, E. M. (2007). Managing the risk of mycotoxins in modern feed production. Anim Feed Sci Technol 133:149–66.
    FERREIRA, H. et al. Aflatoxinas: Um risco a saúde humana e animal. Ambiência – Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, v. 2, n. 1, p. 113-127, 2006.
    FREITAS, B. V. et al. Micotoxicoses em suínos: revisão. Engormix. Micotoxinas, [s.l.], ago. 2012.
    MAZIERO, M.T.; BERSOT, L.D. Micotoxinas em alimentos produzidos no Brasil. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.12, n.1, p.89-99, 2010.
    MOREIRA, A. C; FERREIRA, S.V.; CARDOSO, R.E.; SILVA, H.M.F.; RIBEIRO, F.M. Micotoxinas em alimentos para não ruminantes e o uso de adsorventes. Nutritime Revista Eletrônica, v.15, n.2, p.8122-8131, 2018.
    SILVA, A. G. R. Fungos potencialmente micotoxigênicos em rações para animais domésticos em Serra Talhada – PE. 2019. 45 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Ciências Biológicas) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2019.
    SOUZA, K. K. de; SCUSSEL, V. M. Occurrence of dogs and cats diseases records in the veterinary clinics routine in South Brazil and its relationship to mycotoxins. International Journal of Applied Science and Technology, v. 2, n. 8, p. 129-134, out. 2012.
    WITASZAK, N. et al. Fusarium species and mycotoxins contaminating veterinary diets for dogs and cats. Microorganisms, v. 7, n. 1, p. 26, 2019.
    ZAVARIZE, K. Quais são os pontos chaves na hora da escolha de um adsorvente de micotoxina? 2021. Disponiível em: https://pt.engormix.com/micotoxinas/adsorventes/quais-sao-pontos-chaves_a47069/

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