31/07/2024

    A automação nas indústrias de Pet Food - Oportunidade e Limites - Editora Stilo

    Considerando os processos específicos da planta de Pet Food, os custos relativos ao emprego intensivo de mão de obra e, o que tem se mostrado cada vez mais relevante, à sua disponibilidade, podemos co

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    A automação nas indústrias de Pet Food - Oportunidade e Limites - Editora Stilo

    Considerando os processos específicos da planta de Pet Food, os custos relativos ao emprego intensivo de mão de obra e, o que tem se mostrado cada vez mais relevante, à sua disponibilidade, podemos considerar as principais atividades de fabricação que oferecem potencial de automação. Por: Antonio P. Rubega

    A automação nas plantas industriais tem-se tornado cada vez mais necessária em função de várias razões. Observando através de um ponto de vista macro, isto é, considerando sob o aspecto de economia do país, sabemos que a medida de satisfação das pessoas está diretamente relacionada ao PIB per capita (montante do Produto Interno Bruto do país dividido pelo número de seus habitantes). O PIB brasileiro na última década tem crescido menos do que os países comparáveis com o nosso, a despeito dos ótimos desempenhos do agronegócio. Por outro lado, a faixa de população que é responsável pela geração do PIB, a população economicamente ativa, tem mostrado crescimento menor, devido à diminuição das taxas de natalidade e, ao mesmo tempo, ao aumento da expectativa de vida, que faz com que aumente o número de idosos inativos.

    Esses são, em parte, motivo de dificuldade de aumento da capacidade de produção da indústria, pelo lado da força de trabalho. Se, por outro lado, não se realizarem investimentos na modernização dos métodos de fabricação, aí também verificamos um fator de restrição ao aumento da capacidade de produção das plantas industriais.

    Apenas para considerarmos um termo de comparação, dados recentes dão conta de que, em termos médios, a produtividade de um operário brasileiro é um quarto da de um operário dos Estados Unidos. Essa diferença se deve em grande parte aos recursos disponíveis nas empresas disponíveis naquele país.

    A indústria de alimentos para animais, tanto para os de estimação como para os animais de produção de alimentos (aves, suínos, bovinos e outros) tem passado por um desenvolvimento expressivo nas últimas décadas. Nos anos 1990, tivemos a oportunidade de comparar a nossa indústria de alimentos para os animais de produção com plantas de cooperativas na Holanda, e o número de operários em uma planta daquele país era apenas uma fração do contingente necessário para operar as nossas plantas. Os níveis de automação já eram muito diferentes das nossas naquela época. Até na questão de controle de estoques, consumo de ingredientes e expedição, programas de ERP integrados aos controles de processo de fabricação eram muito mais avançados do que os nossos.

    Obviamente, os processos de fabricação utilizados em uma planta de fabricação de alimentos para animais de produção são apenas parte daqueles que existem nas plantas de Petfood. A indústria de Petfood utiliza processos de extrusão, secagem e recobrimento dos produtos com ingredientes para aumentar a palatabilidade, que não se verificam nas plantas que produzem alimentos para animais de produção. Nestas últimas, a quase totalidade de ingredientes e dos produtos acabados é recebida e expedida sob a forma de granel, o que exige pouco manuseio desses materiais. Nas plantas de produção de Petfood, a variedade de itens que constituem o portfólio de produtos de uma marca resulta em grande quantidade de tamanhos, tipos e peso de embalagens a serem trabalhadas e armazenadas.

    Considerando todos esses aspectos, os custos relativos ao emprego intensivo de mão de obra e, o que tem se mostrado cada vez mais relevante, à sua disponibilidade, podemos passar a considerar as principais atividades que oferecem potencial de automação.

    Estreitamente ligado à automação de parte dos processos de fabricação, o controle contábil e, por consequência econômico, da operação utiliza recursos como o ERP (sigla em inglês de Planejamento dos Recursos da Empresa). Todo o controle de entrada de materiais, volumes de ingredientes e produtos prontos mantidos em estoque, do consumo dos materiais que constituem as receitas de cada produto e a utilização dos materiais necessários aos processos de fabricação até, por último, o controle dos volumes de produtos vendidos, pode ser acompanhado através de um programa de ERP.

    A disponibilidade de dados e informações para alimentar um sistema eficiente de ERP permite obter os dados de desempenho da operação da planta, inclusive com avaliação de perdas e quebras que podem verificar-se no processo de fabricação. Devemos lembrar que as operações de extrusão e de secagem podem trazer perdas consideráveis devido, por exemplo, ao excesso de secagem dos produtos fabricados (as partículas de produto ficam com um nível de umidade abaixo dos níveis desejados). Esses controles são importantes para a manutenção de uma operação de bom nível de eficiência.

    Na planta física, operações que demandam aplicação intensiva de mão de obra e as que proporcionam a garantia da qualidade e segurança alimentar dos produtos são o foco para implantar processos e controles automatizados. Exemplos são:

    – área de embalagem e empacotamento, com o uso de máquinas que ofereçam precisão na pesagem, que sejam suficientemente rápidas e que realizem o maior número de etapas (pesagem, enchimento e selagem das embalagens e enfardamento de pequenos pacotes).
    – paletização das embalagens unitárias através de robôs paletizadores, por exemplo.
    – armazenagem de paletes em vários níveis de prateleiras e também diferentes graus de automação de controle de datas de fabricação e de validade dos produtos mantidos em estoque.

    As áreas acima oferecem significativo potencial de redução de custo de operação porque sem automação a alternativa é a aplicação intensiva de mão de obra.

    Outras etapas do processo de fabricação envolvem a busca de resultados como o de aproveitamento efetivo da capacidade dos equipamentos. Quando a “carga de operação” de uma máquina depende somente da atenção de operadores, muitas vezes os equipamentos são subutilizados.

    A garantia que determinados padrões de temperatura e pressão no processo de extrusão (que envolvem temperaturas de esterilização, por exemplo) pode ser conseguida através do controle automático da quantidade de vapor aplicada no processo e o respectivo monitoramento dessa aplicação.

    Monitoramento do nível de vibrações e de temperatura em componentes (como mancais e rolamentos) de equipamentos sensíveis, garantem a operação dessas máquinas dentro de níveis normais de esforço, o que resulta em maior vida útil e menor necessidade de ações de manutenção corretiva.

    A esta altura, podemos enfim, indagar se todas as operações podem ser automatizadas. E a resposta é que alguns processos, dependendo do grau de exigência em termos de qualidade e padronização, ainda exigem a atuação dos operadores. Um exemplo é a dupla de processos que envolvem a extrusão e a subsequente secagem das partículas extrusadas. As variações nas receitas de produtos e nas características dos vários ingredientes podem influir na uniformidade de dimensões das partículas e na densidade das mesmas. Quando a observância dessas características é obrigatória, por critério de padronização, parâmetros rígidos nos itens de controle dos equipamentos não podem ser determinados. Pode ser necessário que alguns parâmetros devam ser ajustados, em função da observação e por ação dos operadores.

    Mas, o que se verifica é o enorme potencial que existe nas plantas de Petfood para implantar a automação, em diferentes graus, de acordo com a disponibilidade de recursos para investimento e com o nível de retorno que se espera obter. E, principalmente, aliar os resultados de eficiência, redução de custo operacional a processos fabricação mais seguros.

    Por: Antonio P. Rubega é engenheiro mecânico formado pela UNICAMP e diretor da PROMEP – Com. de Máq. e Equipamentos.

    PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA DA REVISTA PET FOOD BRASIL.
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