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Agosto 21, 2025

Farmacêutica brasileira relata sua visão e perspectivas sobre o que o setor pet nacional pode aprender com os pet shops asiáticos após uma viagem pelo continente.

Por Caroline Ramalho

Durante uma viagem cheia de visitas técnicas por Japão, Coreia do Sul e China, voltada à observação de inovação em cosméticos e consumo, um dado chamou atenção: o setor pet asiático tem usado o varejo como principal alavanca de valor.

Não se trata apenas de vender ração, brinquedos ou banho. Trata-se de transformar a loja em um ponto de encantamento, conteúdo, vínculo e desejo.

Essa abordagem tem muito a ensinar — não só ao mercado pet brasileiro, mas ao varejo como um todo. As lições a seguir mostram como a Ásia inverteu a lógica do ponto de venda e tornou a experiência física parte central da proposta de valor.

1. Loja como conteúdo, não apenas canal

Em Xangai, um pet shop inspirado em loja de doces infantis usava cores vibrantes, layout modular e sinalização visual com storytelling. O espaço não vendia apenas produtos — vendia uma estética, uma linguagem de marca e um “cenário instagramável”.

Esse tipo de loja vira ponto de destino. Atrai não apenas o consumidor que precisa comprar, mas também o que quer vivenciar, registrar, compartilhar.

Para o varejo brasileiro, essa é uma lição valiosa: design de loja não é custo — é mídia espontânea, posicionamento e fidelização.

2. Espaço físico como extensão da marca

Alguns pet shops visitados em Seul funcionavam como verdadeiros centros de bem-estar. Havia spa para pets, serviços temporários por hora (creche rápida, banho relaxante, day-use), áreas separadas para tutores e pets, e ambientações que transmitiam sofisticação e cuidado.

O ponto em comum: cada espaço físico era uma continuação da proposta da marca. Esse modelo pode ser adaptado para diversos segmentos — beleza, alimentação, saúde, moda, kids. A loja física deixa de ser um lugar de estocagem e se torna uma plataforma viva de experiência e serviço.

3. Multissensorialidade como diferencial competitivo

Luz, som, cheiro, textura, temperatura, narrativa. Todos esses elementos eram pensados nos espaços visitados. Isso gera permanência, desejo de voltar, maior valor percebido por item e menor sensibilidade a preço.

No Brasil, muitos varejistas ainda subestimam o poder da ambientação multissensorial. Mas em segmentos competitivos, onde o preço não é mais o único critério, vencer passa por criar sensação — não apenas funcionalidade.

4. Loja-conceito com proposta clara e foco em experiência

Outro diferencial observado foi a clareza da proposta de cada loja. Algumas eram especializadas em raças específicas. Outras apostavam em produtos premium ou em terapias naturais. Havia espaços temáticos com identidade visual coesa do chão ao teto.

Essa especialização comunica autoridade e posicionamento. E facilita o engajamento com comunidades específicas de consumidores.

No Brasil, onde muitos negócios tentam “abraçar tudo”, o risco é ser genérico demais para gerar vínculo. A Ásia mostra que foco é poder de marca.

Pet-shops-asiáticos

5. Integração entre produto e serviço como motor de fidelização

Cafés dentro de pet shops, menus pet com muffins, espaços para eventos ou datas comemorativas — tudo integrado ao portfólio da loja. Isso gera recorrência, memória afetiva e diferenciação.

Mais que vender shampoo, o negócio oferece banho com storytelling. Mais que vender um snack, oferece degustação com apresentação gourmet.

No Brasil, especialmente no pós-pandemia, o varejo precisa oferecer mais que conveniência. Precisa oferecer motivos para a pessoa sair de casa e preferir estar ali — e não online.

O futuro do varejo passa por reencantamento

O que os pet shops asiáticos mostram é que a loja não morreu — ela mudou de papel. Hoje, o varejo físico precisa entregar mais do que disponibilidade. Precisa entregar propósito, presença, identidade e experiência.

Essas lições se aplicam ao mercado pet, mas não se limitam a ele. Marcas de qualquer segmento que ainda tratam a loja como “ponto de venda” correm o risco de ficarem irrelevantes. Quem entender o espaço como plataforma de conexão emocional, de conteúdo e de encantamento sensorial, sai na frente — independentemente do produto.

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