Cláudia Guimarães, da redação [email protected] O que, muitas vezes, achamos “fofo” nos animais de estimação não está ali apenas para compor uma estética, junto com a cor e espessura da pelagem, por exemplo, e que chama atenção
Fale com o público do seu negócio!
Cláudia Guimarães, da redação
O que, muitas vezes, achamos “fofo” nos animais de estimação não está ali apenas para compor uma estética, junto com a cor e espessura da pelagem, por exemplo, e que chama atenção dos humanos na hora de adotar um animal. No caso dos bigodes dos pets, existe uma justificativa fisiológica para eles estarem ali.
A médica-veterinária especializada em felinos e responsável técnica do Estylo Pet (Rio de Janeiro-RJ), Vivian dos Santos Baptista, explica que os bigodes dos animais funcionam como órgãos sensoriais. “Os pelos são mais longos e grossos com o intuito de captar características do ambiente. No caso dos gatos, são ainda mais importantes e nunca devem ser cortados”, sinaliza.
Isso porque, segundo a profissional, o bigode de gato é extremamente importante e cumpre diversas funções fundamentais para a vida dos felinos domésticos. “Cortar os bigodes dos felinos afetaria profundamente o bem-estar do animal. Vale lembrar que os bigodes do gato fazem parte do sentido tátil do animal”, expõe.
Mas será que os bigodes têm funções diferentes entre os cães e os gatos? O médico-veterinário Lucas Alexandre dos Santos Silva atesta que a função dos bigodes é a mesma dentre as diferentes espécies. “A única alteração será no seu comprimento, coloração ou aspecto, mas o principal fator sensorial permanece”, elucida.
Apesar disso, Vivian destaca que, nos gatos, é como se os bigodes desempenhassem algumas funções extras. “Ajudam na visão de curta distância, permitem a exploração do ambiente e proteção contra o perigo, protegem os olhos, permitem a medição do espaço e mantêm o equilíbrio”, adiciona.
Mas, como cães e gatos não são os únicos animais mantidos como pets, também investigamos a temática em outras espécies. A médica-veterinária que atende exclusivamente animais silvestres, exóticos e peixes, Erika Midori Kida Hayashi, declara que, em ratos e hamsters, há diversas localizações faciais que permitem a detecção espacial, identificação de objetos, ou seja, sentido tátil. “Diferente de gatos que possuem vibrissas carpais na parte inferior da perna e logo acima das patas, servindo para detecção de alguns insetos em movimento, nos ratos, os bigodes podem auxiliar no comportamento social da espécie”, revela.
Camundongos, gerbil, hamster, rato e preás ou porquinhos-da-índia possuem, de acordo com a profissional, nos folículos das vibrissas, células nervosas, dando uma resposta sensorial. “A chinchila possui um comprimento de bigode que pode chegar a 1/3 do tamanho do seu corpo, sendo que ela é um animal noturno, permitindo melhor detecção espacial. Os ratos, camundongos, gerbos, chinchilas e hamsters podem ter suas macrovibrissas que se movem, diferente de cães e gatos”, compara.
Erika ainda adiciona que, no caso desses animais, eles podem ter dificuldades, caso os bigodes sejam aparados, em localizar alimentos e localização espacial, principalmente ao anoitecer, quando sua visão pode ser reduzida.
Lucas Silva compartilha que não existe uma patologia específica em si relacionada ao bigode dos animais: “Mas existem doenças que podem afetar diretamente essa percepção sensorial. Animais com problemas neurológicos, dermatológicos ou, até mesmo, de obesidade, podem sofrer distúrbios quanto ao fator sensorial neurológico”, indica.
Portanto, o tutor deve ficar atento à aparência do bigode, assim como com pelo caindo em excesso, se as vibrissas quebram com facilidade ou caem sem que haja um motivo para isso, como a troca natural dos pelos. “Vale a pena consultar o veterinário de confiança, pois isso pode ser indício de um desbalanço nutricional no pet”, observa.
A veterinária Erika explica que as dermatopatias (sarnas) podem afetar o folículo das vibrissas e gerar danos, como queda dos bigodes. “Os animais mais comumente afetados por essas doenças (sarna psoróptica, queiletielose, demodicose, escabiose, notoédrica e trixacaríase mais comuns em coelhos e roedores (porquinho-da-índia), por alguns ácaros parasitas da família Mycoptidae, Myobidae, Psosergatidaee Dermanyssidae ou até fungos (dermatófito) que afetam a saúde da pele”, discorre.
Chinchilas também, segundo ela, podem ser acometidas pelo mesmo agente fúngico. “É importante cuidar da saúde do pet, pois, geralmente, essas doenças causam desconforto devido a prurido (coceira), podendo gerar lesões, como feridas, e, em casos mais graves, até infecção bacteriana secundária. O médico-veterinário especializado em animais silvestres e exóticos cuida da saúde do animal e previne as pessoas de também serem acometidas por algumas doenças, como o dermatofitose”, menciona.
Na visão de Lucas Silva, a conscientização para com a sociedade sobre a importância em manter os bigodes dos animais é de suma importância, já que auxilia diretamente na saúde e bem-estar dos indivíduos. “Além de nos levar ao questionamento principal de que ‘estética’, não necessariamente, signifique saúde. A preservação de características naturais de cada espécie deve ser respeitada”, enfatiza.
Como curiosidade, Erika cita algumas peculiaridades dos bigodes de outras espécies animais: “Pássaros podem ter penas semelhantes a pelos ao redor da base do bico, podendo ser chamado de bigode, em alguns casos; peixes, como barbilhões, carpas, bagres e peixe zebra, podem ter órgãos táteis delgados e pendentes perto da boca, sendo denominado de bigodes”.