18/05/2023

    Veterinária aborda mitos e verdades sobre leishmaniose

    A leishmaniose é uma zoonose que acomete cães e seres humanos. Causada por protozoários do gênero Leishmania, a doença é endêmica em todo o mundo e, de acordo com o Ministério da Saúde e Organização...

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    Veterinária aborda mitos e verdades sobre leishmaniose

    A leishmaniose é uma zoonose que acomete cães e seres humanos. Causada por protozoários do gênero Leishmania, a doença é endêmica em todo o mundo e, de acordo com o Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), de todos os casos humanos registrados na América Latina, cerca de 90% ocorrem no Brasil.

    Raposas silvestres e marsupiais são os principais reservatórios do protozoário e não são acometidos pela doença, mas o papel dos cães no ciclo da LV é muito relevante, visto que eles atuam como reservatórios importantes na transmissão da enfermidade para os humanos, especialmente nas áreas urbanizadas.

    “Muitas pessoas acreditam que os transmissores da leishmaniose visceral (LV) são os cães, mas na verdade eles são tão vítimas quanto os humanos. Quem transmite o protozoário é o mosquito flebotomíneo, também conhecido como mosquito palha. Quando o mosquito pica um animal infectado e suga o seu sangue, a larva da Leishmania se abriga no tubo digestório do mosquito, onde ocorre parte do ciclo biológico da Leishmania até a formação da sua forma infectante. Depois deste período de maturação da larva, quando o mosquito pica um cão, humano ou animal sadio, ele transmite a Leishmania e dá início a um novo ciclo da doença”,  explica a médica-veterinária gerente de Produtos Pet da Ceva Saúde Animal, Nathalia Fleming.

    Nos últimos tempos, foi possível observar o aumento considerável do número de casos de leishmaniose visceral no território nacional, e a falta de informação correta dificulta a implementação de medidas preventivas mais eficazes e instiga ações inadequadas, como o abandono e a eutanásia de cães nos locais em que a doença é diagnosticada.

    Diante deste quadro, a médica-veterinária reforça a importância em debater os mitos e verdades que circundam a doença: 

    – Só quem vive em regiões endêmicas deve se preocupar com a doença.

    MITO! A transmissão da leishmaniose visceral canina já foi confirmada em 25 das 27 unidades federativas do Brasil. Não morar em uma região endêmica não significa estar fora de risco, afinal, os cães podem viajar para uma área afetada e se infectar no local. Por isso, a prevenção contra a leishmaniose visceral canina por meio da vacinação e do uso de produtos repelentes tópicos é sempre indicada. 

    – Não existe vacina contra leishmaniose visceral para os humanos.

    VERDADE! Até o momento não existe uma vacina eficaz e aprovada pelo Ministério da Saúde para ser utilizada em humanos como prevenção da LV. No entanto, é possível e recomendado vacinar os cães contra a doença para reduzir as chances de que ele se torne um reservatório da Leishmania. 

    A vacina contra LVC visa estimular a imunidade do cão contra o protozoário Leishmania caso o cão seja picado por um mosquito-palha infectado (Foto: reprodução)

    – A proteção desenvolvida no animal vacinado é baixa.

    MITO! A proteção da vacina contra a leishmaniose visceral canina é individual e fica em torno de 92 a 96% no animal vacinado. A vacina age estimulando o sistema imune contra o protozoário Leishmania, para que ele se defenda e dificulte a proliferação do parasita, apresentando menor carga parasitária e poucos sintomas da doença caso seja infectado pelo mosquito-palha. 

    – A vacina é perigosa e causa muita reação nos cães.

    MITO! Como qualquer vacina, alguns cães podem ser mais sensíveis devido à uma resposta imunológica individual. Animais vacinados podem apresentar uma reação inflamatória no local da vacinação, o que pode causar dor, apatia, diminuição do apetite e até febre, de maneira semelhante ao que ocorre em crianças vacinadas, por exemplo. Raramente, pode ocorrer quadro alérgico e/ou anafilático, conforme predisposição individual, o que também pode acontecer com a utilização de outros fármacos ou biológicos. 

    – A vacina não impede a infecção no cão.

    VERDADE! A infecção acontece pela picada do mosquito-palha infectado e, por isso, o que ajuda a prevenir a infecção é o uso de produto repelente, que impede a ação do mosquito. A vacina contra leishmaniose visceral canina visa estimular a imunidade do cão contra o protozoário Leishmania caso o cão seja picado por um mosquito-palha infectado. É importante utilizar as duas abordagens como forma de prevenção, método repelente associado à vacinação, pois dessa maneira será feita uma barreira dupla de proteção para o animal. 

    – Antes de vacinar o pet, é importante fazer um teste sorológico para a doença.

    VERDADE! O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) exige a realização do exame antes do início da imunização do animal contra a leishmaniose. Pela lei, apenas os animais assintomáticos e com a sorologia negativa devem ser vacinados. 

    – A vacina faz a sorologia do cão ficar positiva.

    MITO! A proteção promovida pela vacina é a proteção de resposta celular, induzindo a produção de anticorpos Anti-A1, diferente do que é detectado nas sorologias licenciadas pelo MAPA para o diagnóstico da doença. 

    – Animais positivos precisam ser eutanasiados.

    MITO! Há muitos anos esta foi uma verdade, mas não é a realidade atual. A eutanásia não é mais mandatória e hoje preconiza-se o tratamento para reduzir a carga parasitária nos animais junto da adoção constante de repelente tópico para manter mosquitos afastados. Melhorar a limpeza dos ambientes em que o pet convive, evitando o acúmulo de matérias orgânicas como restos de comida, frutos apodrecidos, vegetais em decomposição e fezes de animais, é mais eficiente pois previne a multiplicação do mosquito-palha que é o real vilão desta história. 

    – Não existe cura para os cães.

    VERDADE! Até o momento, não há comprovação de cura parasitológica para a leishmaniose visceral canina, mas as medicações disponíveis atualmente no mercado ajudam a diminuir o número de parasitas circulantes no organismo, o que pode amenizar as manifestações clínicas da doença e melhorar a qualidade de vida do pet. Apesar disso, o acompanhamento rotineiro com médico-veterinário para o controle da parasitemia e dos sintomas da doença será para o resto da vida do animal. 

    – Leishmaniose visceral em humanos tem cura.

    VERDADE! Apesar de ser uma doença grave, a LV tem tratamento e cura para os humanos, e os medicamentos estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A doença nos humanos, assim como nos cães, é de comunicação compulsória ao serviço social de saúde. 

    “A leishmaniose visceral é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das doenças mais negligenciadas do mundo todo. Atuar diretamente contra a LV também inclui informar melhor a população sobre como a doença ocorre, assim como as ferramentas disponíveis para combater e reduzir os seus efeitos na sociedade”, finaliza.

    Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.

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