Mesmo em casa ou durante passeios, cães e gatos podem estar expostos a plantas tóxicas. Um alerta do Digivets com orientações para prevenir acidentes e proteger seu pet.
Por Equipe Digivets
Recentemente, um caso triste chamou atenção em São Paulo: um Labrador faleceu após ingerir plantas tóxicas durante um passeio em um local público. A história acende um alerta importante para todos os tutores: muitas plantas aparentemente inofensivas podem representar riscos sérios e até fatais para cães e gatos.
O Digivets conversou com a Dra. Juliana Valença, veterinária do centro veterinário Nouvet, para entender melhor os perigos, os sinais de intoxicação e como proteger nossos pets em casa e nos passeios.
Plantas comuns mas perigosas
Você sabia que várias plantas decorativas amplamente cultivadas em casas, apartamentos, praças e jardins são tóxicas para os pets?
A Dra. Juliana listou algumas das plantas mais comuns e perigosas para cães e gatos que podem ser encontradas em ambientes públicos ou residenciais:
- Jiboia
- Rosário tento
- Comigo-ninguém-pode
- Espada de São Jorge
- Costela-de-adão
- Lírio
- Azaleia
- Babosa







O grande problema é que essas plantas são de fácil acesso e, em geral, não vêm com nenhum tipo de alerta sobre os riscos que oferecem aos animais. Além disso também há uma grande lacuna em termos de informação e sinalização em espaços públicos.
“Não há um mapeamento e também não encontramos avisos ou placas informando o cultivo ou presença de plantas tóxicas nos parques e praças públicas”, afirma a veterinária. “Em 2003 foi sancionada uma lei que proibia o cultivo de espécies tóxicas em áreas públicas, mas ela foi revogada em 2022. Hoje, a legislação não aborda mais essa proibição, deixando o tema em aberto e sem controle”.
Ou seja, o tutor precisa redobrar a atenção em ambientes externos, principalmente ao levar seu pet em locais novos em que ele não está acostumado.
Cães e gatos reagem de formas diferentes
A toxicidade pode variar bastante entre espécies e até mesmo entre raças. A quantidade ingerida, a planta em questão e a forma como o organismo do animal reage são fatores determinantes.
“Há diferenças na sensibilidade de cães e gatos à ingestão de plantas tóxicas. Algumas espécies são perigosas para ambos, como a comigo-ninguém-pode, azaleia e espada-de-São-Jorge. Mas há também plantas mais perigosas para cães, como a cana-de-açúcar, antúrio e copo-de-leite, e outras que afetam mais os gatos, como o alecrim e a lavanda”, explica a Dra. Juliana.
Mas nem sempre o pet precisa ingerir uma planta para ser afetado por ela. Em alguns casos, o simples contato pode ser suficiente para causar sintomas.
“O contato com algumas plantas pode ser prejudicial, mesmo sem ingestão. Isso acontece porque algumas espécies têm substâncias tóxicas em folhas, caules ou seiva, que podem causar reações cutâneas, oculares e até respiratórias”, alerta a veterinária.
A curiosidade natural dos animais pode levá-los a cheirar, tocar ou lamber essas plantas, o que já é suficiente para gerar uma intoxicação.
Como identificar plantas perigosas em casa
Muitos tutores cultivam plantas tóxicas sem saber que estão expondo seus pets a um risco constante. “O ideal é que o tutor saiba quais as plantas que ele tem em sua residência e converse sobre elas com seu veterinário de confiança. Essa é a melhor forma de prevenção”, orienta Dra. Juliana.
“Com relação ao que fazer com elas, recomendo que as mesmas fiquem sempre muito longe do alcance dos Pets, pois nem sempre ficar no alto vai ser a melhor escolha pois a maioria dos Gatos, conseguem subir em locais mais altos.”, completa. Eliminar as plantas tóxicas ou substituí-las por espécies seguras é sempre a alternativa mais indicada.
Sinais de intoxicação: o que observar
Os sintomas de intoxicação podem ser variados e nem sempre são imediatamente reconhecidos como tal. Estar atento a qualquer mudança no comportamento ou condição física do pet pode salvar vidas.
Os principais sinais de intoxicação foram enumerados pela Dra Juliana:
- Sinais gastrointestinais: Vômitos, diarreia, salivação excessiva, falta de apetite e náusea.
- Sinais neurológicos: Tremores, convulsões, fraqueza e dificuldade para andar.
- Sinais respiratórios: Dificuldade para respirar, tosse e espirros (por inalação de pólen tóxico ou seiva)
- Sinais dermatológicos: Coceira intensa, vermelhidão da pele, feridas e inchaço em focinho, boca ou patas
- Sinais oculares: Lacrimejamento, vermelhidão, inchaço ao redor dos olhos, coceira ou incômodo nos olhos
- Outros sinais graves: Alterações na urina, icterícia (pele ou mucosas amareladas) e comportamento anormal (apatia extrema, agressividade repentina)
E se o pior acontecer? Saiba como agir
O caso do Labrador mostra que, infelizmente, esses acidentes podem ter consequências graves. Numa situação como essa, saber como reagir pode fazer toda a diferença.
“Se você vir seu pet ingerindo uma planta, leve imediatamente ao pronto-socorro veterinário. Como não temos sinalizações, não dá para saber se é tóxica ou não. O melhor é sempre agir com rapidez”, orienta.
“E durante os passeios, mantenha-se sempre alerta. Evite que seu pet mastigue ou brinque com folhas e plantas. A atenção do tutor é, hoje, a principal forma de prevenção”, reforça a veterinária.
Se tiver dúvidas sobre as plantas que você cultiva, consulte um veterinário. Compartilhar esse conhecimento pode salvar vidas.
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