Instituição, que executa o PMP/BC-ES, incluiu terapias integrativas e inovadoras, como acupuntura, canabinóides e laserterapia no tratamento dos animais
Representantes do Instituto Albatroz, que executa o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES) na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, desembarcaram na última semana no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com dois “turistas” – que, na verdade, serão os novos moradores do Aquário de SP. Trata-se dos pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) “Pretinho” e “Piratinha”. Eles chegam à capital depois de um ano de tratamentos intensivos e diferenciados no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) do Instituto Albatroz, em Araruama (RJ).
Ambos chegaram ao CRD no final da temporada de encalhes do ano passado (2024), depois de resgatados pelas equipes de campo do projeto – “Pretinho” foi encontrado em Arraial do Cabo e, “Piratinha”, em Cabo Frio. A dupla estava debilitada, desidratada e abaixo do peso, como tantos jovens pinguins que, vindos da Patagônia, tentam vencer as correntes em busca de alimento em águas mais quentes e acabam encalhando nas areias das praias do litoral brasileiro. A realização do PMP-BC/ES, estruturado pela Petrobras, é uma exigência é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
Além de debilitados, ambos apresentavam problemas graves: “Piratinha” tinha lesões profundas na vista e no tórax decorrentes de interação com hélice de embarcação. Já “Pretinho” apresentava uma alteração óssea na região lombar que comprometeu sua postura. De acordo com a Dra. Daphne Goldberg, médica veterinária e responsável técnica da instituição, os animais estão sendo encaminhados para o aquário (instituição de conservação ex situ – fora de seus habitats naturais) para vigilância permanente de seus quadros.
“No caso do “Pretinho”, a manutenção dos tratamentos integrativos é crucial para garantir o bem-estar em longo prazo. Já “Piratinha”, apesar das lesões cicatrizadas, perdeu a visão de um dos olhos e parte da nadadeira, diminuindo significativamente as probabilidades de sobrevivência em seu habitat natural”, explica a Dra. Daphne.
O guerreiro “Pretinho”

Desde que chegou ao CRD, a equipe percebeu uma alteração na região lombar de “Pretinho” (seu apelido vem da cor de sua anilha de identificação, na cor preta). A partir daí, iniciou-se uma jornada intensa de investigação: radiografias, exames de sangue, tomografia e, enfim, o diagnóstico de discoespondilite com osteólise severa, um quadro bacteriano que provocou perda óssea, mas felizmente, sem atingir a medula espinhal.
O caso era complexo, com dor crônica e limitação de movimentos. “A partir de então, entendemos que só o tratamento convencional não seria suficiente. Foi então que iniciamos as terapias integrativas: laser, acupuntura, eletroacupuntura, moxabustão, terapia neural e o uso do óleo de cannabis. Nosso objetivo era aliviar a dor sem sobrecarregar órgãos como fígado e rins com medicamentos de uso prolongado”, comenta a médica veterinária.
A resposta foi surpreendente: “Pretinho” passou a ficar de pé, caminhar, nadar e interagir na piscina com outros pinguins. O plano terapêutico continua com sessões semanais, em um ambiente calmo — inclusive com trilha sonora da cantora Enya — e seguirá semanalmente, com ajustes conforme a resposta clínica, no Aquário de São Paulo.
“Esta abordagem multifacetada não só reforça a dedicação do Instituto Albatroz ao bem-estar de cada animal resgatado, mas também destaca o compromisso da instituição com as práticas de tratamento mais inovadoras e respeitosas, que reduzem significativamente a necessidade de medicamentos alopáticos, como anti-inflamatórios e analgésicos. “Pretinho” é um exemplo claro de como o olhar holístico pode transformar vidas. Não se trata só de curar uma infecção, mas de devolver ao animal a qualidade de vida”, comemora a médica veterinária.
A saga de “Piratinha”

O apelido escolhido vem do corte linear profundo no olho esquerdo, acometendo pele, musculatura, osso e córnea. Além das lesões no olho, “Piratinha” apresentava ainda cortes na axila esquerda e na cauda.
Devido à lesão no olho, o animal passou por consultas oftalmológicas, na tentativa de recuperação dos tecidos afetados e da visão. Apesar da cicatrização completa, a ave perdeu a visão do olho esquerdo. Para as lesões no tórax e no membro torácico, adotaram-se terapias integrativas — como ozonioterapia e laserterapia — associadas a antibióticos; ainda assim, houve necrose e perda parcial da nadadeira.
“Apesar da cicatrização completa das lesões, a ausência de visão em um dos olhos, combinada com a perda de parte da nadadeira do mesmo lado, diminui significativamente as probabilidades de sobrevivência deste pinguim em seu habitat natural. Por isso, ele vai integrar a turma do Aquário de São Paulo a partir de agora”, finaliza Dra. Daphne.
Instituto Albatroz – Projeto de Monitoramento de Praias
O Instituto Albatroz, que conta com um Centro de Visitação em Cabo Frio, executa o Projeto de Monitoramento de Praias das Bacias de Campos e Espírito Santo (PMP-BC/ES) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, somando 25 praias espalhadas por 54 quilômetros de litoral. O monitoramento é feito diariamente a pé e com o uso de quadriciclos por técnicos e monitores.
O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da PETROBRAS de produção e escoamento de petróleo e gás natural. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
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