24/03/2023

    Passeio sem coleira exige cuidados para evitar possíveis acidentes aos cães

    A hora do passeio é um momento importante para o cachorro. É quando ele consegue expressar os comportamentos naturais da espécie, como cavar, farejar, marcar território, gastar energia física e mental. Com a justificativa de dar

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    Passeio sem coleira exige cuidados para evitar possíveis acidentes aos cães

    A hora do passeio é um momento importante para o cachorro. É quando ele consegue expressar os comportamentos naturais da espécie, como cavar, farejar, marcar território, gastar energia física e mental.

    Com a justificativa de dar mais liberdade ao animal, reforçando que é bem treinado e obediente, muitos donos levam para passear sem coleira. No entanto, esta escolha pode trazer sérios riscos e consequências – ao próprio cachorro, ao seu tutor e aos demais (humanos e não humanos) ao seu redor.

    De acordo com a geneticista, consultora em bem-estar e comportamento canino e criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães no Brasil, Camilli Chamone, há humanos que acreditam ter total domínio sobre o cachorro – algo, segundo a ciência, ilusório. 

    “Não temos esse controle absoluto nem sobre nós mesmos, cujo cérebro é o mais desenvolvido. Em momentos de raiva, uma pessoa é capaz de falar o que não deve e se arrepender depois, ou machucar psicológica e fisicamente alguém”, explica.

    Ainda que o cão tenha uma rotina de passeio em coleira há anos sem problemas, isso não assegura controle e não traz segurança para o futuro (Foto: reprodução)

    De acordo com ela, estes são exemplos de comportamentos nocivos, que provam que o autocontrole absoluto não existe: “Como, então, conseguiríamos controlar 100% um terceiro, e pior, um animal?”, reflete.

    Ou seja, ainda que o cão tenha uma rotina de passeios há anos, solto e sem nenhum problema, isso não assegura o controle do dono e não traz segurança para o futuro. Ainda, outro fator de perigo se relaciona com o fato desse animal (independentemente do tamanho ou raça) ter o desenvolvimento cognitivo e emocional equivalente ao de uma criança de dois anos de idade.

    A geneticista conta que, se for exposto a situações consideradas ameaçadoras (como buzinas, rojões, trovões, veículos em movimento, animais passando, pessoas gritando ou se locomovendo), o cérebro do cão vai reagir imediatamente, e não racionalizar diante do fato. Assim, ele pode instintivamente fugir, causando uma série de transtornos. 

    “Pessoas (em especial crianças e idosos) correm o risco de caírem e ‘serem atropeladas’ pelos animais; acidentes no trânsito são capazes até de matar o animal, o condutor ou outras pessoas que sequer deram causa à situação. Ainda sob ameaça, o cão pode atacar a qualquer momento, causando desde ferimentos até fatalidades – mesmo que nunca tenha mordido ninguém antes”, enumera..

    A lógica vale para todas as raças e portes, pois “o cérebro de um shitzu, por exemplo, funciona exatamente da mesma forma que o cérebro de um pastor alemão ou de um cão sem raça definida”, exemplifica Chamone.

    Assim, é importante que os tutores entendam que o equipamento de passeio é uma ferramenta de segurança, pois minimiza todos esses riscos: “Ele tem função semelhante à de um cinto de segurança. O objetivo não é educar o motorista a dirigir, mas sim proteger quem está dentro do veículo, caso aconteça um incidente. Com o cão é a mesma lógica: a coleira funciona como um ‘cinto’, protegendo-o de cenários que o coloquem em risco”.

    E, como o equipamento não tem o objetivo de educar ou de punir, não é necessário usar no cachorro algo que o machuque ou cause desconforto, como, por exemplo, o enforcador. “Basta ter um peitoral confortável e uma guia – inclusive uma mais longa, se o dono assim desejar, para que o animal possa explorar melhor o ambiente e desfrutar a liberdade de um passeio com segurança e tranquilidade”, assegura.

    Há leis estaduais e municipais que proíbem cachorro na rua sem equipamento de passeio, prevendo multas e apreensão do animal, a depender do local. Além disso, o Artigo 159 do Código Civil menciona dano a terceiro e o dever de indenizar – neste caso, se já tiver acontecido algo drástico, como uma agressão.

    Para Chamone, viver no coletivo exige consciência e bom senso, algo que começa com atitudes básicas – como passear com o peludo preso à guia. “Esta é uma forma de manter a consideração e o respeito às pessoas, aos animais e ao espaço coletivo em que vivemos e compartilhamos”, finaliza.

    Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos.

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