Por Digivets

Novembro 28, 2024

testes de fiv e felv

Os testes de FIV e FeLV (Vírus da Imunodeficiência Felina e Vírus da Leucemia Felina, respectivamente) é fundamental para diagnosticar essas doenças virais em gatos, permitindo um manejo adequado e o planejamento de cuidados que melhorem a qualidade de vida dos animais afetados.  

Ambas as doenças podem ser assintomáticas por longos períodos, o que torna os testes de diagnóstico uma ferramenta essencial, especialmente em situações de risco ou em populações felinas vulneráveis. 

Os exames de FIV e FeLV são rápidos e amplamente disponíveis, mas é importante lembrar que um resultado positivo nem sempre indica uma infecção ativa, especialmente no caso da FIV.  

Por isso, o acompanhamento com um veterinário experiente é essencial para interpretar os resultados corretamente e planejar as etapas seguintes de tratamento e cuidados. 

Novo guideline sobre o vírus da imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia felina (FeLV) publicado pela AAFP 

A American Association of Feline Practitioners (AAFP) publicou em janeiro de 2020 no Journal of Feline Medicine and Surgery o último Guideline a respeito das retroviroses felinas, abrangendo o vírus da leucemia felina (FeLV) e o vírus da imunodeficiência felina (FIV). O documento é uma atualização do Guideline anterior sobre retrovírus felino da própria AAFP de 2008 e traz os conhecimentos atuais sobre diagnóstico, prevenção e manejo de infecções por retrovírus em felinos. 

O documento da AAFP tem como público-alvo a comunidade veterinária, mas possui também um anexo denominado Client Brochure que traz informações pontuais e úteis para tutores de gatos como: Sinais de infecção, prevenção e cuidados necessários com gatos infectados. 

Neste artigo iremos discutir sobre o tópico de diagnóstico e assuntos que o envolvem. Acesse nossos outros artigos voltados ao novo guideline sobre FIV e FeLV para saber mais:

Diagnóstico de infecções retrovirais: FIV e FeLV

A medida mais importante para controlar a transmissão de FeLV e FIV é a identificação e separação de animais infectados. Por isso a AAFP recomenda a realização de uma triagem dos gatos em um momento inicial, antes mesmo da vacinação contra FIV e FeLV, caso ocorra potencial exposição a outros animais infectados ou aparecimento de sinais clínicos das doenças. 

Os testes rápidos são baseados em ELISA (Enzyme Linked ImmunonoSorbent Assay) ou RIM (Rapid Imunnomigration) que são metodologias utilizadas comumente na veterinária para detectar antígenos FeLV e anticorpos FIV no sangue, soro ou plasma.  

Além disso testes ambulatoriais para detecção de anticorpos FeLV e testes PCR (Reação em Cadeia da Polimerase para detecção de provírus FeLV e FIV estão disponíveis em alguns países, contudo são poucos os dados disponíveis que avaliam esses testes. Diversos laboratórios de referência também oferecem testes para detecção de FeLV e FIV. 

Como a triagem positiva possui importantes consequências clínicas, exames adicionais são recomendados, especialmente em gatos com baixo risco (gatos aparentemente saudáveis que vivem em ambiente fechado) onde a probabilidade de um falso positivo é maior do que em gatos de alto risco (gatos doentes e/ou com fácil acesso a rua).  

Falsos positivos podem ser resultados de uma série de fatores, como testes conduzidos de modo inadequado ou testes falhos. Resultados negativos são geralmente mais confiáveis quando são realizados testes de alta sensibilidade (Western Blot, Imunofluorescência Indireta (IFA) ou PCR), especialmente em gatos aparentemente saudáveis e com estilo de vida de baixo risco.  

A exceção seria em gatos no estágio inicial de infecção antes da antigenemia FeLV (<30 dias) ou do desenvolvimento de anticorpos FIV (<60 dias). Além disso resultados de falso negativos podem ocorrer graças a mudanças isoladas do FIV ao longo do tempo, uma vez que diferenças nas populações virais podem ocorrer entre países, o que pode levar a falhas na detecção.  

Um estudo realizado na Europa, que compara dados coletados entre os anos de 1998 e 2019, demonstra o aumento do número de casos em gatos que testaram como negativos para anticorpos FIV utilizando teste rápido ambulatorial, mas que foram diagnosticados como positivos quando utilizado o teste Western blotting. Isso sugere uma redução na eficiência do diagnóstico de FIV em testes ambulatoriais em áreas onde o gato pode ter sido infectado com vírus provenientes de áreas isoladas e/ou estrangeiras. 

Resultados da infecção pelo vírus da imunodeficiência felina. Ab = Anticorpo, PCR = Reação em cadeia da polimerase. Adaptado do AAFP Feline Retrovirus Testing and Management Guidelines, 2020. 

Gatos são testados sob várias circunstâncias e por diferentes razões, portanto é difícil recomendar um único teste protocolar para todos. Veja a ‘imagem 2’ abaixo para um teste protocolar que pode ser adaptado para diferentes situações. Uma ferramenta para diagnósticos de FeLV desenvolvida na Europa está disponível em (abcdcatsvets.org). 

Existem diferenças nos tipos e nos desempenhos de testes quando consideramos países diferentes. Apesar de diversos estudos comparativos entre os testes de FeLV e FIV já terem sidos realizados, ainda é difícil comparar esses experimentos devido a diferença dos padrões de referências utilizados. Somando o fato de que exames com o mesmo nome podem se diferenciar entre países ou entre os protocolos experimentais, torna-se desafiador selecionar um padrão ouro apropriado para estudos de comparação de diagnostico de FIV e FeLV. 

Imagem 2

Diagnóstico de Nível 1 podem ser suficientes em circunstâncias em que os resultados são consistentes com os sinais clínicos do paciente. Diagnóstico de Nível 2 Podem esclarecer o estado de infecção em alguns pacientes. Este diagnóstico identificará corretamente o verdadeiro estado da infecção na maioria dos felinos. Infecções pela FeLV regressiva, exposição recente, respostas atípicas e mudanças na resposta imune ao longo do tempo complicam a interpretação e a confiabilidade dos testes realizados em um único ponto no tempo. O verdadeiro estado de gatos com resultados discordantes pode ser difícil de resolver. FIV = Virus da Imunodeficiência Felina; IFA = Anticorpo imunoflorescente; PCR = Reação em Cadeia Polimerase. Adaptado do AAFP Feline Retrovirus Testing and Management Guidelines, 2020. 

Diagnóstico do Vírus da Leucemia Felina (FeLV) 

O diagnóstico da infecção pela FeLV geralmente é baseado na detecção do antígeno p27 utilizando testes de laboratório. O exame pode ser realizado em soro, plasma ou no sangue. Os testes para antígeno FeLV não devem ser realizados em lágrimas ou saliva, pois as sensibilidades são baixas. Em um estudo, o uso de saliva só foi capaz de detectar 54% dos gatos infectados. O teste não é confundido pela imunidade materna adquirida ou pela vacinação contra a FeLV.  

A maioria dos gatos testará como positivo dentro de 30 dias após a exposição, embora o aparecimento de antígenos circulantes possa ocorrer mais tardiamente em alguns felinos.  

Como as consequências de uma triagem positiva para FeLV são muito significativas para o futuro do animal, recomenda-se testes adicionais para confirmação, especialmente em gatos de baixo risco e assintomáticos.  

O novo teste, em caso de resultado positivo questionável do teste ambulatorial para o antígeno p27, pode ser realizado em laboratórios de referência usando ELISA para detectar p27 ou PCR para detectar o provírus da FeLV. Uma alternativa é realizar o teste para antígeno p27 em um laboratório diferente. 

Diagnóstico do Virus da Imunodeficiência Felina 

A infecção por FIV é mais comumente diagnosticada em testes ambulatoriais por meio da detecção de anticorpos específicos para FIV no sangue, soro ou plasma. Gatos infectados geralmente desenvolvem altas concentrações de anticorpos para FIV, e o FIV gera uma infecção resistente da qual os animais não se recuperam.  

Por isso, a detecção de anticorpos é, normalmente, um indicativo de infecção por FIV. Na prática veterinária, os anticorpos são geralmente identificados usando ELISAs (Enzyme Linked ImmunonoSorbent Assay) ou ensaios RIM (Rapid Imunnomigration), que detectam anticorpos para vários antígenos virais. O kit de teste ambulatorial detecta diferentes anticorpos. A maioria dos felinos produzem anticorpos dentro de 60 dias após a infecção.  

Testes de FIV e FeLV

FeLV 

Em um estudo, quatro diferentes exames de FIV e FeLV foram comparados usando 146 amostras de soro ou plasma positivas para a infecção por FeLV e 154 negativas. Os resultados de dois ELISAs foram usados como padrão ouro para a determinação do status verdadeiro e do status falso. A sensibilidade e a especificidade dos testes seguem na tabela abaixo:

Tabela 1

TESTES SENSIBILIDADE ESPECIFICIDADE 
IDEXX SNAP FIV/FeLV Combo 100% 100% 
Witness FeLV-FIV 89,0% 95,5% 
Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag 91,8% 95,5% 
Kits de teste rápido VetScan Feline FeLV/FIV 85,6% 85,7% 

Gatos com infecções progressivas podem ser identificados usando testes ambulatoriais que detectam o antígeno p27 livre solúvel no sangue, indicativo de antigenemia. De uma forma geral a antigenemia é equivalente a viremia, embora exceções tenham sido observadas. Somente gatos virêmicos (antígeno-positivo) eliminam o vírus de forma natural e são infecciosos para outros gatos. Isso inclui gatos com infecção progressiva e gatos com infecção regressiva na fase inicial da viremia transitória ou após a reativação da infecção.  

Infecções regressivas são caracterizadas por níveis baixos de antígeno e DNA proviral. Às vezes, as concentrações de um ou outro podem cair abaixo do nível de detecção de alguns testes, levando a resultados discordantes que podem mudar ao longo do tempo.  

Ensaios quantitativos de PCR para DNA proviral estão cada vez mais disponíveis comercialmente em diferentes países e fornecem informações adicionais para classificar o status da infecção em um determinado paciente. Gatos que inicialmente testam positivo tanto pelo antígeno p27 quanto pelo PCR podem fazer a transição para um padrão de infecção regressiva, geralmente dentro de até 16 semanas da infecção. 

Embora a saliva seja menos sensível do que o sangue ou soro para testes laboratoriais, ela pode ser usada para RTPCR (Reação de Transcriptase combinada com a Reação em Cadeia da Polimerase) para detectar o RNA do FeLV e, portanto, a eliminação do FeLV em fluidos corporais.  

Segundo um estudo realizado na Europa, a detecção de RNA viral em cotonetes de saliva pode ser útil se a coleta de sangue não for viável em grandes grupos de gatos. Os cotonetes com saliva de diversos gatos podem ser reunidos para análise (de preferência com no máximo 10 gatos). No entanto, se uma amostra combinada for positiva para FeLV, testes individuais devem ser realizados para verificar o status de cada gato individualmente. Em um ambiente experimental, a RTPCR efetuada na saliva e no sangue conseguiu detectar a infecção a partir de 1-3 semanas. 

Testes de imunoflorescência (IFA) para o diagnóstico de infecção por FeLV 

Testes de imunoflorescência (IFA) para esfregaços de sangue ou medula óssea estão disponíveis em alguns laboratórios comerciais para o diagnóstico de infecção por FeLV. Esses testes detectam viremia secundária quando a infecção da medula óssea é estabelecida. Se for realizado antes que a infecção da medula óssea seja estabelecida, os gatos terão resultados negativos usando IFA. A maioria dos gatos com infecções da medula óssea também terão resultados negativos.  

A natureza subjetiva da interpretação da IFA e as diferenças no desempenho entre laboratórios podem levar a resultados falso positivos e falso negativos. Resultados falso negativos também podem ser observados em gatos com leucopenia e infecções regressivas.  

Resultados discordantes entre testes de antígeno e outras técnicas, como PCR e IFA, podem ocorrer, pois esses testes detectam o estágio de infecção do gato em um único ponto do tempo. Repetir esses testes em diferentes períodos pode ser preciso para esclarecer o status de alguns felinos. Gatos com resultados discordantes devem ser considerados fontes potenciais de infecção para outros gatos até esclarecer seus status.

Imagem 3

Os resultados dos testes de provírus e antígeno da leucemia felina podem variar dependendo do estado imunológico do gato no momento do teste. Altos níveis de provírus e antígeno são mais comumente associados à infecção progressiva, enquanto baixos níveis de provírus e antígeno são mais comumente associados à infecção regressiva. FeLV = vírus da leucemia felina. Adaptado do AAFP Feline Retrovirus Testing and Management Guidelines, 2020. 

FIV 

A maioria dos testes rápidos disponíveis atualmente para FIV apresentam boa sensibilidade e especificidade com base em diversos estudos de comparação, apesar das diferenças no desenho dos estudos e nos padrões de referência. Foi realizado um estudo comparando quatro diferentes testes ambulatoriais de FIV nos EUA usando 94 amostras de soro ou plasma FIV-positivas e 97 FIV-negativas, e comparando os resultados com o padrão ouro. A sensibilidade e a especificidade dos testes seguem na tabela abaixo:  

Tabela 2

TESTES SENSIBILIDADE ESPECIFICIDADE 
IDEXX SNAP FIV/FeLV Combo 97,9% 99,0% 
Witness FeLV-FIV 94,7% 100% 
Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag 96,8% 99,0% 
Kits de teste rápido VetScan Feline FeLV/FIV 91,5% 99,0% 

Não foram relatadas diferenças significativas no desempenho entre os quatro testes. 

Laboratórios de referência disponibilizam vários testes adicionais após um teste ambulatorial positivo para anticorpos FIV. No entanto, mesmo com testes adicionais extensivos, estabelecer o verdadeiro status de infecção por FIV de alguns gatos pode ser difícil. O teste Western blotting tem sido usado como diagnóstico padrão ouro para detecção de anticorpos FIV. Embora não tenha tido um desempenho tão bom quanto alguns testes ambulatoriais, em um estudo europeu ele foi capaz de detectar o resultado positivo em casos que os testes realizados em consultório resultaram em falso-negativo. 

A detecção de DNA proviral do FIV ou RNA viral (ou ambos) por PCR é comumente usada como um teste adicional por laboratórios comerciais na América do Norte e no Brasil. Contudo, alguns gatos infectados não foram detectados por PCR, o que possivelmente se deve à baixa carga viral ou variação da sequência viral.  

Os primers usados para amplificar segmentos de genes devem ser projetados para se ligar a regiões altamente conservadas, como o gene gag do FIV, já que foi demonstrado que os recombinantes env ocorrem comumente em gatos naturalmente infectados. Além disso, a precisão dos resultados de PCR varia entre diferentes laboratórios, portanto, ensaios que foram validados de forma independente devem ser usados.  

Em um estudo independente de 239 gatos não vacinados contra FIV na Austrália, a sensibilidade e a especificidade do teste FIV RealPCR (IdEXX Laboratories) foram de 92% e 99%, respectivamente. É indicado aprofundar a avaliação em pacientes com um resultado positivo no teste FIV ambulatorial realizando testes adicionais, especialmente em indivíduos de baixo risco. No entanto, alguns gatos de alto risco com resultados positivos no teste de laboratório para FIV, como machos agressivos e com acesso a rua, podem não exigir testes adicionais. 

Durante a fase inicial da infecção por FIV os pacientes podem apresentar resultados negativos para anticorpos. Entretanto, mesmo quando os resultados dos testes de anticorpos são negativos a infecção recente não pode ser descartada. O teste deve ser repetido depois de pelo menos 60 dias após a última exposição potencial. Embora a maioria dos gatos desenvolva anticorpos dentro de 60 dias de exposição à infecção, em alguns gatos o desenvolvimento de anticorpos pode ser mais lento.  

Durante a fase assintomática da infecção, os anticorpos específicos para FIV são prontamente detectados no sangue da maioria dos gatos. No entanto, alguns gatos que entram na fase terminal da infecção podem apresentar resultados negativos para anticorpos devido a altas cargas virais que sequestram anticorpos em complexos antígeno-anticorpo.  

Além disso, resultados falso-negativos são possíveis com qualquer teste. Se um gato com alto risco de infecção pelo FIV com sinais clínicos típicos for negativo para anticorpos em um teste laboratorial, testes de acompanhamento devem ser realizados com outro método, como PCR ou Western blot. 

Quais os cuidados necessários ao diagnosticar FIV em filhotes? 

Embora os testes de anticorpos sejam convenientes no consultório e altamente confiáveis na maioria das situações, eles devem ser interpretados cuidadosamente em casos de filhotes que testam positivo. Os anticorpos são transferidos de forma passiva para filhotes durante a amamentação de mães naturalmente infectadas ou vacinadas. Isso pode levar a um resultado positivo no teste de anticorpos até a idade de 6 meses se a mãe foi infectada.  

Em um estudo com 55 filhotes nascidos de progenitoras não infectadas e vacinadas com FIV, todos os filhotes testaram positivo para anticorpos FIV logo após o nascimento e também nas primeiras semanas de vida. Já com 12 semanas de idade, todos os filhotes testaram negativo para anticorpo FIV.  

Em circunstâncias naturais, se uma mãe infectada com FIV for saudável, os filhotes nascidos dela raramente adquirem infecção por FIV no útero ou no pós-natal. Consequentemente, a maioria dos filhotes que testam anticorpo positivo inicialmente testarão negativo quando os anticorpos maternos diminuírem. Portanto, filhotes positivos para anticorpos FIV podem ser testados novamente imediatamente com um ensaio de PCR confiável para esclarecer seu status. Filhotes que testam anticorpos FIV positivos persistentemente após 6 meses de idade provavelmente estão realmente infectados. 

O uso da vacina para FIV (Fel-o-Vax FIV; Boehringer Ingelheim) no Canadá, EUA, Austrália, Nova Zelândia e Japão complicou o diagnóstico de infecções por FIV com base na detecção de anticorpos, uma vez que alguns testes comerciais não conseguem distinguir os anticorpos produzidos por gatos vacinados dos anticorpos induzidos por infecção natural.  

Anticorpos geralmente podem ser detectados após algumas semanas da vacinação e foi mostrado que eles podem persistir por mais de 7 anos em alguns gatos. A vacina Fel-o-Vax FIV foi descontinuada no Canadá e EUA em 2015, mas gatos previamente vacinados com teste positivo para anticorpos FIV por causa da vacinação permanecerão na população de gatos por alguns anos. Além disso, gatos podem viajar de locais onde a vacina ainda está em uso para outros países onde a vacina não está mais disponível como o próprio Canadá e os EUA. 

A comparação de três testes ambulatoriais de anticorpos foi realizada em uma população de 119 gatos australianos vacinados contra a FIV e 239 não vacinados. O status de infecção por FIV foi determinado considerando os resultados de todos os testes de anticorpos juntamente com os resultados do teste de PCR; o isolamento do vírus foi usado apenas em casos discrepantes. 

Dois testes ambulatoriais, o Witness FeLV-FIV (sensibilidade 100%, especificidade 98%) e o Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag (sensibilidade 100%, especificidade 100%), obtiveram excelente resultados tanto para sensibilidade quanto para especificidade, e conseguiram determinar o verdadeiro status de infecção por FIV nos pacientes, independentemente do histórico de vacinação contra FIV, desde que a vacinação primária tivesse sido administrada pelo menos 6 meses antes.  

O teste IdEXX SNAP FIV/FeLV Combo, no entanto, detectou anticorpos induzidos por vacinação anterior, bem como aqueles induzidos pela infecção por FIV. Em um estudo de acompanhamento, o mesmo grupo de pesquisa avaliou o uso de saliva (em vez de sangue) para diagnosticar infecção por FIV usando os três testes ambulatoriais e um teste PCR.  

As sensibilidades foram de 44% (IdEXX SNAP FIV/FeLV Combo), 92% (Witness FeLVFIV), 96% (Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag) e 72% (RealPCR), enquanto a especificidade para todos os testes foi semelhante em 98–100%. Os pesquisadores concluíram que dois kits de teste ambulatorial (Witness e Anigen) poderiam identificar com precisão a infecção por FIV usando saliva, independentemente do histórico de vacinação.  

Desta forma, testes utilizando saliva podem ser úteis em áreas onde a vacinação contra FIV está disponível e quando a punção venosa sem contenção ou sedação não é possível, por exemplo em situações em que um grande número de animais deve ser diagnosticado para infecção por FIV de forma rápida e eficiente. 

É possível distinguir anticorpos vacinais dos induzidos por uma infecção? 

Um estudo conduzido nos EUA também avaliou se alguns testes ambulatoriais poderiam ser usados para distinguir os anticorpos induzidos por vacinação dos induzidos por infecção.  

O estudo comparou quatro testes: IdEXX SNAP FIV/FeLV Combo, Witness FeLV-FIV, Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag e VetScan Feline FeLV/FIV Rapid test kits. Neste estudo, 104 gatos não infectados livres de patógenos específicos foram vacinados três vezes e amostras de plasma foram coletadas dentro de 2 a 14 meses após a vacinação. Os gatos foram confirmados como livres de FIV por cultura de vírus.  

Os testes IdEXX SNAP FIV/FeLV Combo e VetScan Feline FeLV/FIV Rapid obtiveram resultados positivos em 102 de 104 e 88 de 104 gatos vacinados não infectados respectivamente. Os testes Witness FeLV-FIV e Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag identificaram corretamente quase todos os gatos vacinados como não infectados. A especificidade em gatos vacinados para FIV está na tabela abaixo: 

Tabela 3

TESTES ESPECIFICIDADE 
IDEXX SNAP FIV/FeLV Combo 1,9% 
Witness FeLV-FIV 98,1% 
Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag 98,1% 
Kits de teste rápido VetScan Feline FeLV/FIV 21,2% 

Para determinar a duração da interferência nos testes diagnósticos pela vacinação contra FIV, foi conduzido um estudo longitudinal com animais vacinados.  

74 filhotes receberam vacinação primária de acordo com as recomendações do fabricante e foram testados periodicamente durante 6 meses usando os 4 kits de teste rápido citados anteriormente.  

Os animais testaram positivo em todos os testes 4 semanas após a primeira vacinação. 6 meses após a terceira vacinação contra FIV, 100% dos gatos permaneceram positivos com o IdEXX SNAP FIV/FeLV Combo, 83% permaneceram positivos com o teste rápido VetScan Feline FeLV/FIV, enquanto os gatos testados com os testes Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag e Witness FeLV-FIV tornaram-se negativos. Concluiu-se, portanto, que os testes Anigen Rapid FIV Ab/FeLV Ag e Witness FeLV-FIV podem ser usados para o diagnóstico de infecção por FIV em gatos vacinados, desde que a vacinação primária tenha ocorrido há mais de 6 meses. 

Referências 

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