Veterinária da FSG explica causas, riscos e cuidados em casos de avistamento de animais silvestres
O aparecimento de animais silvestres em áreas urbanas tem se tornado cada vez mais comum em diferentes regiões do país. Segundo a médica veterinária Camila da Silva Machado Andreazza, mestre em Saúde Animal, especialista em clínica e cirurgia de animais silvestres e exóticos e docente do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), o fenômeno está diretamente ligado ao avanço da urbanização e à perda de habitat natural.
“O crescimento das cidades e a construção de estradas causam desmatamento e fazem com que os animais percam território, aproximando-se cada vez mais dos centros urbanos. Hoje há tanto um aumento real desses casos quanto uma maior visibilidade proporcionada pelas redes sociais”, explica a especialista.
Entre os felinos silvestres mais avistados estão o gato-do-mato-pequeno, o gato-maracajá, a jaguatirica e até mesmo o puma, espécie de grande porte que tem registros cada vez mais frequentes em cidades brasileiras. Essas ocorrências se concentram sobretudo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, em áreas próximas a fragmentos de Mata Atlântica e Cerrado.
De acordo com Camila, os riscos são grandes tanto para os animais quanto para a população. “Os silvestres podem sofrer atropelamentos, perseguições, envenenamentos, além de ficarem expostos a doenças de animais domésticos. Já em relação à segurança, felinos de médio porte, como o puma, podem atacar para se defender, representando perigo real em encontros com pessoas ou animais de estimação”, alerta.
A recomendação, em caso de avistamento, é não se aproximar e acionar imediatamente órgãos competentes, como Secretaria do Meio Ambiente, Polícia Ambiental ou Corpo de Bombeiros. Também é importante proteger os animais domésticos, evitar tentativas de captura ou alimentação e não divulgar a localização em tempo real nas redes sociais, a fim de prevenir perseguições ou caça ilegal.
Para reduzir conflitos, a especialista aponta medidas como manutenção de corredores ecológicos, planejamento urbano responsável, proteção de criações domésticas, instalação de passagens de fauna em rodovias e campanhas educativas. O poder público, universidades e ONGs também têm papel essencial na preservação, pesquisa, conscientização e resgate desses animais.
“O caminho para uma convivência harmoniosa entre fauna silvestre, seres humanos e animais domésticos passa, inevitavelmente, pela educação ambiental. Somente com conscientização e preservação será possível garantir a coexistência sustentável e proteger a saúde coletiva”, conclui a docente da FSG.
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