Cláudia Guimarães, da redação [email protected] A cor da pelagem dos gatos pode dizer muito sobre o tutor. Alguns têm preferência e só tem pets frajolas, por exemplo; outros sonham em ter gatos cinzas
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Cláudia Guimarães, da redação
A cor da pelagem dos gatos pode dizer muito sobre o tutor. Alguns têm preferência e só tem pets frajolas, por exemplo; outros sonham em ter gatos cinzas e assim por diante. Também há aqueles que adotam os felinos, independente da cor. Quem nunca ouviu de um gateiro avistando um gato na rua a seguinte frase: “Essa cor eu não tenho, vou levar”? Mas será que a coloração dos pelos dita a personalidade do animal?
Antes de nos aprofundarmos no comportamento do animal, precisamos entender de onde vem as diferentes colorações deles. Para isso, conversamos com a médica-veterinária especializada em felinos do Hospital Veterinário Taquaral, Daniela Karine Formaggio, que explica que a cor da pelagem dos gatos é determinada pelos genes, que estão contidos no DNA, e pela melanina, proteína responsável pela pigmentação dos pelos. “De forma resumida, as cores como castanho e preto são derivadas da eumelanina e a produção dos tons vermelhos é oriunda da feomelanina. Essas informações são armazenadas no cromossomo X. Os gatos possuem 19 pares de cromossomos”, informa.
Daniela expõe que o gene que determinará se o gato será preto ou vermelho está no cromossomo X. “Como os machos possuem apenas um cromossomo X, já que são XY, podem nascer apenas com pelagem preta ou vermelha, exceto em casos em que ocorre uma anomalia no cromossomo, resultando em gatos machos com pelagem tricolor. Essa anomalia ocorre em 0,03% da população felina e se chama Síndrome de Klinefelter. A maioria dos gatos com pelagem tricolor são fêmeas”, revela.
A variação das cores na pelagem em gatos, segundo a profissional, se deve aos vários tons que as cores preta e vermelha podem apresentar. “As tonalidades da cor preta são azul, preto puro, castanho claro, lilás, canela, chocolate ou fulvo. A vermelha resulta em vermelho puro e creme. As pelagens de tons variados dos gatos são o resultado da mistura dessas cores, como a pelagem cinza, por exemplo. Já a cor branca da pelagem pode surgir dos genes branco, manchas brancas ou albinismo. Os gatos pretos e brancos possuem os genes de manchas brancas e os totalmente brancos ou albinos possuem os genes branco puro ou albino”, discorre.
Agora, sim, podemos explorar este tema. Será, de fato, que o comportamento felino varia de acordo com a cor de seus pelos? De acordo com Daniela, isso pode, sim, influenciar no temperamento do animal. “Foi o que um estudo da Universidade da Flórida e da Califórnia mostrou. Esse estudo foi baseado em informações fornecidas pelos próprios tutores sobre a personalidade de seus gatos, e as respostas foram bem parecidas em relação à cor da pelagem e o temperamento do gato. Em geral, as respostas sugeriram que gatos pretos têm tendência a serem mais calmos e mansos, são muito brincalhões e gostam de ficar perto de seus tutores. Os gatos de pelagem cinza têm um temperamento extrovertido, são muito carinhosos, brincalhões e mansos, além de estarem sempre à procura de novas experiências”, descreve.
Daniela continua repassando as considerações do estudo: “Os gatos tigrados ou rajados são curiosos e não são desconfiados em relação a pessoas desconhecidas. Gostam muito de brincar e gastar energia, além de serem muito apegados aos tutores. Gatos preto e branco, o famoso frajolinha, são extremamente independentes, agitados, podendo ter um comportamento mais agressivo em situações que possam representar perigo ou estresse. São muito curiosos, o que pode levar esses pets a querer explorar o meio exterior, por isso, os tutores desses felinos devem tomar precauções para que eles não tenham acesso ao ambiente fora do lar. Mas também são muito carinhosos e companheiros”, salienta.
Já os gatos de pelagem branca, conforme revelou o estudo citado pela veterinária, tendem a ser mais tímidos e reservados, gostam de ficar em seu próprio espaço, não tendo muito interesse na rua. “Também podem se mostrar mais independentes e não tão ‘grudados’ em seus tutores. Apesar dessas características individualistas, são muito carinhosos e têm um amor profundo e verdadeiro pelos seus tutores. Já os gatos amarelos são a cara da preguiça, também são brincalhões e muito amorosos. São dengosos e exigem atenção do tutor como nenhum outro gato. Dificilmente um gato dessa cor se mostra agressivo ou desconfiado. Adoram se esfregar nas pessoas, principalmente nos seus tutores, são a fofura em forma de gato”, indica.
E quanto ao gato bicolor? Daniela conta que ele é afetuoso, curioso e exigente de atenção. “O bicolor tem várias combinações, podendo ser marrom e preto; branco e cinza; cinza e preto; amarelo e preto, e amarelo e branco. Também há o gato tricolor, que é dócil, muito apegado à família e brincalhão”, conta.
Quando se trata de um gato sem raça definida, a profissional cita que a cor da pelagem pode ser uma boa ferramenta para indicar o possível temperamento do animal. “Já em gatos de raça, além da cor, deve-se levar em consideração características inerentes à raça para entender melhor o comportamento do animal”, sugere.
Além das cores poderem ditar o comportamento dos felinos, a médica-veterinária declara que gatos de determinadas coloração podem apresentar algumas características físicas específicas. “A mais marcante associada à cor dos pelos está nos gatos brancos. O gene responsável pela coloração branca não é ligado ao cromossomo X e é dominante, isso significa que, quando presente, leva à ausência de cor. Já o gene do branco albino é recessivo, isso significa que, para manifestar suas características hereditárias, é necessário que estejam em dupla no código genético”, elucida.
Segundo Daniela, alguns gatos brancos podem apresentar surdez, podendo ou não ser bilateral. “Isso acontece porque há uma degeneração da cóclea, estrutura localizada no ouvido interno. Os gatos que apresentam a surdez são gatos que têm, em seu material genético, o DNA, o gene da surdez. Quando apresentam os dois olhos azuis têm grandes chances de ter esse gene presente, até 85% de chance, e, quando apresentam apenas um dos olhos azuis, essa porcentagem pode chegar a 40%. A porcentagem é de até 20% quando gatos brancos apresentam olhos de outra cor”, indica.
Apesar da preferência de alguns por determinadas cores de gatos, a cor não deve ser o único item levado em consideração no momento de escolha do pet, como comentado por Daniela: “Quando se pensa em adquirir um gato de raça, é possível saber, com precisão, se as características da raça escolhida combinam com o estilo de vida da família, levando em consideração doenças que possam ser predispostas a algumas raças, necessidade de espaço, por exemplo, um gato da raça Bengal, dependendo da sua geração, pode ser necessário um espaço ao ar livre, com árvores e arbustos, para que ele possa expressar o seu lado selvagem e, se for casa sem área livre ou apartamento, esse local precisa ser o mais gatificado possível”, alerta.
Mas, quando se fala em adotar um gato SRD, Daniela afirma que é quase impossível prever como será o temperamento desse animal, mas a cor da pelagem pode ajudar, sim. “O mais importante quando se pensa em ter um gato, independente da raça, é conhecer as características e necessidades básicas da espécie felina. Como no exemplo citado acima, um ambiente em que o gato possa explorar, brincar, se esconder e se sentir seguro são essenciais para a saúde física e mental desse animal”, reforça.
Por fim, Daniela comenta que os felinos são animais muito especiais e, muitas vezes, injustiçados pelas pessoas. “É folclore que os gatos não gostam das pessoas, mas apenas do ambiente. Também é falso que gatos são animais solitários. Esses boatos estão caindo por terra. Nunca se deve comparar o comportamento canino com o felino, afinal de contas, são espécies diferentes. Gatos são tão carinhosos, companheiros e divertidos quanto um cão. Existem muitos gatos que não são a sombra dos seus tutores, como a maioria dos cães, mas isso não significa que não sintam um profundo amor pelos seus pais humanos. Só quem convive com a espécie felina é capaz de entender a energia que essa espécie traz para o lar. Já foi comprovado cientificamente que o ronronar do gato pode trazer inúmeros benefícios aos seres humanos, como liberação de serotonina, levando ao relaxamento, redução da pressão arterial e do estresse. Isso é apenas uma amostra de como os gatos são mágicos e especiais”, conclui.