Por Digivets

Agosto 26, 2025

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Médica-veterinária destaca o papel da informação e do cuidado com os animais para conter o avanço da leishmaniose no Brasil

A saúde dos animais, das pessoas e do meio ambiente está profundamente conectada. Essa visão integrada, cada vez mais presente nas discussões sobre saúde pública, ganha destaque durante a campanha Agosto Verde, voltada à conscientização e prevenção da leishmaniose.

A leishmaniose visceral é uma zoonose grave e endêmica em diversas regiões do Brasil, preocupando as autoridades sanitárias devido ao seu difícil controle. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de leishmaniose visceral estão concentrados em cinco países, sendo o Brasil um deles. Além disso, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cita que o Brasil é responsável por 96% dos registros nas Américas.

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 3.500 novos casos são registrados por ano no país, com uma taxa de letalidade em torno de 11%. A doença está presente em todo o território nacional, com uma concentração maior de casos nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Causada pelo protozoário Leishmania infantum e transmitida principalmente pela picada da fêmea do mosquito-palha infectado, a doença é muito grave e infelizmente se não tratada, embora não exista cura, pode levar o cão à óbito. Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma infecção capaz de ser transmitida entre animais e humanos, com os cães atuando como principais reservatórios domésticos do parasita em ambientes urbanos.

Agosto verde: Conscientização e prevenção da leishmaniose

O mês de agosto foi escolhido para a campanha por coincidir com o período de maior risco para a transmissão da doença, especialmente em regiões com temperaturas elevadas e maior volume de chuvas, que favorecem a proliferação do mosquito transmissor, que faz a postura de seus ovos em locais ricos em matéria orgânica, úmidos e com pouca luminosidade.

Esse cenário climático, aliado a fatores ambientais e sociais, tem contribuído para a expansão da leishmaniose em áreas anteriormente menos afetadas. Por isso, durante esse período, médicos-veterinários em diversas regiões do Brasil aproveitam para promover ações de conscientização sobre a leishmaniose, reforçando a importância da prevenção e do cuidado com os animais.

Em São Paulo, por exemplo, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a segunda morte por leishmaniose visceral em 2025. Até o momento, o estado já contabiliza 26 casos da doença neste ano. Em 2024, foram registrados 45 casos confirmados — uma oscilação que, embora momentaneamente menor, ainda exige atenção contínua.

Após a infecção, alguns cães podem ser assintomáticos e outros podem apresentar manifestações clínicas que muitas vezes são confundidas com outras enfermidades. “A leishmania pode afetar qualquer órgão, causando uma variedade de sinais clínicos, como febre, aumento dos linfonodos, perda de peso, crescimento exagerado das unhas, alterações de pele e, em estágios mais avançados, comprometimento renal – uma das principais causas de óbito”, explica a médica-veterinária Kathia Soares, da MSD Saúde Animal.

A especialista também destaca “Os registros em humanos servem como alerta de que a infecção já está presente entre os cães da região e frequentemente de forma silenciosa. Por isso, proteger os animais é essencial para interromper o ciclo de transmissão e preservar a saúde pública”, afirma.

Além disso, é fundamental esclarecer que a leishmaniose canina, embora tratável, ainda não tem cura parasitológica. “Isso significa que, uma vez infectado, o cão continuará portando o parasita pelo resto da vida. Os tratamentos disponíveis hoje ajudam a controlar as manifestações clínicas, proporcionando mais qualidade de vida ao pet, mas vale lembrar que os custos são altos (medicamentos, visitas ao veterinários, exames de rotina) e ele pode ter recaídas e, em muitos casos, a doença pode evoluir para o óbito.” Comenta a médica veterinária.

“Por isso, reforçamos que a prevenção é a melhor opção, sendo o caminho mais seguro e responsável. Ter um pet com leishmaniose não é uma sentença de que nada pode ser feito, mas não podemos cair na armadilha de achar que só porque há tratamento não precisamos focar na prevenção. A doença debilita muito o animal, os custos de tratamento são altos, e infelizmente muitos não resistem, mesmo com todos os cuidados”, complementa Soares.

De acordo com as diretrizes do Brasileish (2018), a principal forma de prevenir a infecção por leishmania em cães é através do uso de inseticidas tópicos com propriedade repelente. As diretrizes citam ainda que os estudos em larga escala têm demonstrado a eficácia do uso de coleiras inseticidas na prevenção e no controle da leishmaniose, sendo essa uma importante medida de saúde pública no Brasil.

Um exemplo é a coleira Scalibor®, o Sistema Único de Saúde (SUS) indica o uso da como método profilático contribuindo diretamente para a redução dos casos de leishmaniose visceral em humanos. Ou seja, proteger os cães reflete diretamente na saúde das pessoas.

Outras medidas simples que podem ser adotadas no dia a dia como parte do controle estratégico da doença incluem: restringir os passeios com os cães ao entardecer e anoitecer — período de maior atividade do mosquito transmissor —, instalar telas em canis e janelas, manter os quintais limpos e livres de matéria orgânica acumulada, além de garantir o acompanhamento veterinário regular do animal.

“Proteger os nossos pets é fundamental para que eles vivam mais e com muito mais qualidade, além claro, de contribuirmos com a saúde de toda a comunidade. A utilização de coleiras como a Scalibor® é uma medida eficaz e prática que ajuda a diminuir a transmissão, fazendo parte de um conjunto de ações que devemos adotar para garantir a saúde pública e o bem-estar dos animais”, reforça a médica-veterinária.

Durante o Agosto Verde, a mensagem é clara: a prevenção pode salvar vidas. Informar-se, adotar medidas preventivas e manter um olhar atento ao bem-estar dos animais são atitudes essenciais para construir ambientes mais seguros e saudáveis para todos.

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